Page 208 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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Maguerez. Ultimamente, com base na experiência de sua aplicação no
curso de medicina, através do curso de mestrado em educação da UEL,
professores de vários outros cursos vêm desenvolvendo iniciativas, cujas
sistematizações já resultaram na publicação de duas edições especiais da
Revista Semina.
Vislumbra-se a perspectiva de conflitos acadêmicos em torno
da adoção dessas metodologias, que poderão ser superados, desde
que a condição tecnológica já melhor desenvolvida da ABP não leve à
subordinação do desenvolvimento da metodologia da problematização.
5. O estudo realizado se refere à educação médica na América Latina
e, neste campo, identificam-se sentimentos de solidariedade internacional
que buscam preservar valores culturais e políticos próprios de uma
identidade latino-americana. Mas o fenômeno da globalização e a criação
dos blocos econômicos regionais (MERCOSUL, PACTO ANDINO) podem
limitar esse processo. Em tempos pós-guerra fria (com exceção das relações
dos EUA com Cuba), os processos de internacionalização econômica
necessitam anular barreiras (vide ALCA x MERCOSUL) e identidades.
Com isso, as relações sul-sul, entre as escolas e educadores médicos
dos países latino-americanos, tenderiam a diminuir de intensidade, sendo
substituídas pelas relações norte-sul. Aliás, esta não seria uma tendência
nova. O que é novo é o grau de intensidade que as relações norte-sul
podem adquirir, anulando as relações sul-sul.
Na base desses processos estão as relações econômicas (por
exemplo, ALCA x MERCOSUL), mas estas também sofrem influências do
cultural e do político. E a educação médica, fazendo parte do mundo da
cultura e do mundo da política, qual papel joga nesse processo? Qual é a
especificidade do objeto “educação médica latino-americana”? A questão
parece ser pertinente tanto para fins teóricos como para fins de ação
política e programática, principalmente para aqueles que estão envolvidos
em propostas dirigidas à América Latina.
6. As relações entre os departamentos de medicina preventiva,
social ou de saúde pública e os projetos UNI são heterogêneas. Variam
de participação ativa à oposição, situações que se devem, sobretudo,
a particularidades político-institucionais existentes em cada realidade
concreta.
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