Page 220 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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em suas relações com a sociedade, especialmente com os serviços de
saúde e a população”.
O objetivo do estudo da Professora Laura foi analisar algumas das
principais causas das sucessivas histórias de resultados desfavoráveis nas
tentativas de mudar a educação médica; analisar como essas questões
estavam sendo tratadas nas transformações curriculares de duas escolas
– Londrina e Marília; e construir um conjunto de ideias, propostas e
instrumentos que contribuíssem para a produção de mudanças efetivas
na educação médica no Brasil.
Em suas considerações finais a autora registra algumas contribuições
muito importantes, das quais ressaltamos as seguintes:
“Os dois casos analisados revelam a complexidade do desafio
imposto pela mudança do processo de produção dos médicos. (...) A base
das propostas de mudança em questão é a democratização, um produto
social que se constrói por meio da intervenção deliberada de sujeitos e
que depende da correlação de forças, da mudança dos poderes instituídos,
da capacidade de se construírem espaços de poder compartilhado. (...)
Os dois projetos/as duas experiências são contribuições efetivas para
a compreensão desse processo de transformação. Nos dois casos, há
grupos articulados, buscando agir estrategicamente, com graus distintos de
acumulação de poder e de capacidade de reflexão crítica. (...) A percepção
de que a sustentabilidade e a profundidade das mudanças construídas
no espaço local dependiam de mudanças no espaço das políticas foi
também fundamental. E a alternativa encontrada – a articulação em rede
– é estratégica e adequada a um “jeito mutante” de fazer política, pois
possibilita articulação flexível, participação variável, unidade em torno
de questões concretas: são heterogeneidades organizadas, que ganham
potência de ação ao se associarem”.
Além disso, ao situar os processos existentes nas duas experiências
analisadas entre o segundo e o terceiro plano de profundidade das
mudanças (fazendo referência ao conceito de mudança adotado no
capítulo inicial deste livro), a autora propõe duas alterações no mesmo,
bastante pertinentes. Uma, em relação ao segundo plano – Reforma - que
ficaria mais bem caracterizado como o dos atores sociais e das relações
de força, por corresponder ao processo de constituição de sujeitos. A
outra refere-se ao terceiro plano, no qual ela defende a relativização
dos requisitos de superação da ordem econômica capitalista, uma vez
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