Page 221 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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que, mesmo sem a mudança radical de todas as relações sociais, seriam
possíveis acumulações setoriais que viabilizassem transformações às
escolas médicas. Conforme ela, “Estamos falando de condicionamentos
estruturais, que admitem a construção de variantes sob a ação dos sujeitos
e a especificidade dos contextos e das relações de força em dado momento
histórico”.
A autora finaliza dizendo que “A situação das escolas analisadas,
de mudanças localizadas entre o segundo (Reforma) e o terceiro
(Transformação) plano de profundidade das mudanças, é dinâmica. Ou
seja, no momento atual os dois processos caracterizam-se como reformas
e contêm elementos de transformação. (...) Essa caracterização pode ser
revertida a depender dos processos de consolidação que estão sendo
inaugurados nos dois casos. Há níveis diferentes de acumulação, mas
os dois processos necessitam de uma fase de consolidação. No entanto,
os dois processos demonstram importante vitalidade, sujeitos sociais
constituídos e capacidade de articulação”.
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A Professora Jadete Lampert, em sua tese , desenvolvida também
nos anos de 2001 e 2002, contextualiza o momento em que as escolas
médicas brasileiras estão sendo desafiadas a implementar, na sua realidade
específica, as Diretrizes Curriculares Nacionais. Como diz a autora, “O
estudo traz referências e instrumentos que podem contribuir na orientação
do diagnóstico e acompanhamento das tendências de mudanças na escola
médica ao implementar os programas curriculares. Pode, dessa forma,
além de evidenciar um conjunto de áreas temáticas em eixos conceituais
relevantes da educação médica, ser um auxiliar nas estratégias das escolas
para implementar as mudanças recomendadas”.
Ao prefaciar o livro, a Professora Cecília Minayo, orientadora
da autora, registrou que “Apesar de todas as complexas tendências
conservadoras na formação e na prática médicas, o trabalho se dedica a
pesquisar as vozes que se unem na vontade de transformação: busca seus
sinais nos que evidenciam a crise que compromete o sentido explícito do
papel da medicina; nos que questionam o modelo flexneriano, por não
reconhecerem nele a resposta às necessidades sociais do país e nos que
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Lampert, J.B. Tendências de mudanças na formação médica no Brasil: tipologia de escolas.
HUCITEC, ABEM. Rio de Janeiro, 2002. 283p.
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