Page 222 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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pensam e atuam dentro de uma lógica interdisciplinar, multiprofissional
e articulada ao mundo da vida”.
Nas reflexões sobre a formação do médico na graduação ante as
necessidades básicas de saúde da população foram reunidos cinco eixos
conceituais de relevância que permeiam a construção e a execução dos
programas curriculares. Esses eixos foram denominados: 1. enfoque
teórico; 2. abordagem pedagógica; 3. cenários de prática; 4. capacitação
docente; e 5. mercado de trabalho e serviços de saúde. Cada eixo está
identificado em vetores (16), áreas temáticas que dão a direção de
expansão nos encaminhamentos da prática do ensino médico na escola,
balizando tendências.
Em suas Considerações Finais, a autora registra que “A adequada
formação médica para atender às necessidades básicas de saúde da
população tem como base de comparação a forma tradicional de
ensinar medicina no modelo flexneriano hegemônico. Ao não responder
adequadamente às atuais reivindicações em saúde, esse modelo é
contraposto pela construção do novo paradigma, o da integralidade, que
tem inspirado propostas curriculares inovadoras e avançadas em algumas
escolas médicas brasileiras. O paradigma da integralidade vai impregnando
discursos e propostas de políticas de saúde e educação, tendo na
homologação das Diretrizes Curriculares para a Medicina sua mais recente
manifestação. (...) O quanto o paradigma da integralidade se traduz em
propostas curriculares implementadas nos cursos de graduação foi objeto
deste estudo, que abalizou tendências em algumas escolas brasileiras (...)
visualizando o conjunto de ações nos cinco eixos conceituais relevantes
na direção deste paradigma”.
A autora finaliza o livro dizendo que “Há sinais alvissareiros de
reformas curriculares implementadas em algumas escolas, mas que são
recentes e precisam, na sequência, ser consolidadas (...) mostra um
longo caminho a ser percorrido pelos atores sociais comprometidos com
a construção e implementação dos currículos de graduação em uma
concepção reflexiva e crítica da realidade (...) não se trata de um processo
linear e nem isento de retrocessos. As diferentes etapas de desenvolvimento
das escolas, as diferenças de compreensão das mudanças, as variadas
formas de organização curricular teórico-prática e das estratégias de sua
implementação, exigem acompanhamento cuidadoso das autoridades e
instituições que acreditam ser possível realizar transformações da formação
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