Page 38 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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dos planos e que caracterizam as inovações, reformas ou transformações
         na educação médica.
               Conforme aponta Ferreira (1997), a tríade “quantitativo-qualitativo-
         relevância” corresponde ao predomínio de cada um desses enfoques nos
         distintos planos de análise ou de intervenção e, de certa forma, guarda
         relação com a história recente do desenvolvimento da educação médica na
         América Latina. Na década de 1960 a ênfase na carência de médicos levou
         a uma abordagem quantitativa do problema: número de escolas médicas,
         proporção professor-aluno (1x10 a 1x20), cargas horárias curriculares e das
         disciplinas, relação do número de leitos hospitalares por aluno, relação
         do número de alunos por cadáver (4x1) ou por microscópio (2x1), etc.
               Nas décadas de 1970 e 80 a preocupação concentrou-se nas
         dimensões qualitativas da educação médica, enfocada sob o prisma
         da excelência técnica. A ênfase recai nas ações pedagógicas voltadas à
         melhoria da qualidade do ensino e nas ações organizacionais, no âmbito
         universitário, voltadas a permitir uma maior exposição ao aprendizado
         prático nos serviços hospitalares e ambulatoriais.
               Finalmente, a “relevância” surge em consequência da estratégia de
         Atenção Primária de Saúde (APS) e introduz a concepção de qualidade.
         Esta, não mais como sinônimo de excelência técnica que, elevada ao mais
         alto grau de sofisticação científico-tecnológica, desconsidera critérios de
         acessibilidade e cobertura populacional, mas sim como condição que
         responde globalmente às reais necessidades da população.
               No primeiro plano ou plano fenomênico, que também pode ser
         denominado como funcional ou dos fluxos, têm lugar as mudanças
         superficiais da educação médica. Geralmente pontuais, localizadas,
         particulares e parciais, as inovações concentram-se nas atividades, nos
         meios e nas relações técnicas entre os agentes de ensino e o processo
         de ensino. Desenvolvem-se em paralelo, respeitando o predomínio do
         tradicional, sem preocupação em aprofundar a análise dos fatores que
         determinam o modo dominante de formação.
               As intervenções que se enquadram neste plano de profundidade de
         mudança resultam em alterações isoladas de processos, ou de conteúdos
         ou de relações, com maior ênfase nas alterações de processos. São
         exemplos deste tipo de intervenção: a criação e/ou ampliação de carga


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