Page 65 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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relevantes no campo editorial iniciando, nos anos 1960, a publicação dos
Livros de Texto (Programa PALTEX) e da Revista Educación Médica y Salud,
instrumentos importantes de difusão, em espanhol, de obras recomendadas
aos alunos por comitês de professores das diversas disciplinas do curso
médico e de ideias e análises sobre educação médica e saúde. Foi também
nos anos 1960 e 70 que, refletindo o início de uma preocupação com as
questões pedagógicas, a OPS desenvolveu e manteve, durante 10 anos,
um programa de Laboratórios de Relações Humanas, que envolveu em
torno de dois mil professores de escolas latino-americanas.
Merece registro também a aprovação, em 1962, do Primeiro Plano
Decenal de Saúde das Américas no contexto do Programa Norte-americano
“Aliança para o Progresso”, que levantou a problemática da carência de
médicos na América Latina, introduziu a questão do planejamento de
recursos humanos e contribuiu para o início da expansão do número de
escolas médicas em vários países.
Outra importante iniciativa da OPS foi estimular e apoiar a realização
de estudos nacionais sobre rhs e a educação médica em países da região
– Peru, Chile, Argentina e Colômbia – que representaram o começo do
enfoque de planejamento de recursos humanos na formação de pessoal
de saúde (ANDRADE, 1973; CHAVES, 1978).
Nesta área da pesquisa em educação médica, o destaque deve ser
conferido ao estudo realizado por García (1972) em 1967/68, inicialmente
desenhado para ser uma avaliação dos primeiros dez anos de ação dos
departamentos de medicina preventiva nas escolas médicas da região,
mas que terminou por resultar na pesquisa sobre educação médica na
América Latina mais abrangente (realizado em 107 das 135 escolas latino-
americanas existentes na época) e aprofundada, realizada até hoje. O
estudo tratou a educação médica na sua totalidade e adotou um enfoque
teórico-metodológico que possibilitou estabelecer as relações entre a
educação médica e a estrutura social, no contexto da transformação
histórica do processo de produção econômica.
Nesse trabalho, García situa pontos cruciais da educação médica.
Referem-se eles de um lado, ao caráter essencialmente “escolar” da
produção de médicos e, de outro, às relações entre a produção de serviços
e os objetivos a que se propõem as escolas médicas. No primeiro, aponta-
se a dissociação entre ensino e trabalho e, no segundo, se ressalta a
dualidade da escola médica, que enfrenta a problemática de ser inovadora,
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