Page 73 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
P. 73

currículos obsoletos ignoravam a articulação entre ensino e sistemas de
         atenção à saúde.
               Foram considerados obsoletos muitos dos critérios estabelecidos até
         então como requisitos mínimos para o funcionamento das escolas, e em
         substituição àqueles se preconizou um modelo prospectivo, destacando-se
         os seguintes aspectos: o ponto de partida para o processo formativo reside
         no processo de atenção à saúde; deve haver a superação das dicotomias
         teoria/prática, básico/clínico e preventivo/curativo; precisam existir a
         integração multidisciplinar, a integração docente assistencial e a inserção
         do processo de ensino em toda a rede de serviços.
               A estratégia de Integração Docente-Assistencial (IDA), conforme
         assinalam vários autores (RODRIGUEZ, 1983; VIDAL & QUIÑONES, 1986;
         CHAVES, 1993; MARSIGLIA, 1995), apareceu durante os anos 1970 como
         proposta substituta aos “laboratórios de comunidade” referidos a pequenos
         grupos populacionais, utilizados pela maioria dos departamentos de
         medicina preventiva como áreas de demonstração.
               A IDA surgiu como proposta alternativa visando à inter-relação entre
         todos os setores da escola médica e parcela significativa dos serviços de
         saúde, em um contexto regionalizado, com todos os níveis de atenção.
         Vários foram os projetos que buscavam superar o efeito demonstrativo
         dos “laboratórios de comunidade” e envolver a escola como um todo.
               As três situações mais marcantes, na segunda metade da década
         de 1960, foram Sobradinho (Brasília), Cayetano Heredia (Lima) e Cuba
         em sua primeira fase de reforma da educação médica, com as policlínicas
         existentes até hoje. Em vários documentos é possível encontrar a descrição
         detalhada da proposta IDA, embora nem sempre se aplique seu nome,
         havendo variantes como regionalização docente-assistencial, articulação
         docente-assistencial e a integração docente-assistencial-investigativa
         (Ferreira, 1997).
               A temática sobre “integração docente-assistencial” e as relações entre
         instituições educativas e de serviços foi reiteradamente discutida nos anos
         1970 e 80. Constituiu-se como uma das tendências da área de formação
         de rhs na América Latina e foi levada em conta como critério essencial no
         planejamento de muitas mudanças educacionais, apresentando enormes
         variações: desde a simples utilização dos serviços como espaços de prática,
         até tentativas de reorganização do processo educativo ao redor de um
         novo modelo de organização dos serviços.
               Ainda nos anos 1970, a ação dinâmica de Juan César García,
         preocupado com a mobilização dos recursos humanos nacionais e com
         a promoção do conhecimento regional, levou a OPS a uma significativa
         atividade: realização de seminários de estudos em muitos países; apoio


 44                                     45
   68   69   70   71   72   73   74   75   76   77   78