Page 78 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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Também a América Latina é cenário, na década de 1980, de
         importantes acontecimentos e processos, entre os quais se destacam: a)
         estudos de avaliação da proposta IDA, com ênfase para o realizado pela
         FEPAFEM/OPS/Kellogg; b) aplicação de uma nova proposta, desenvolvida
         pela OPS, denominada Análise Prospectiva das Profissões de Saúde; c)
         convocação, pela UDUAL, de uma Conferência Integrada de Ciências
         da Saúde e a realização de debates preparatórios pela ALAFEM e outras
         entidades, com apoio da OPS; d) convocação e realização, em 1988, da 1ª
         Conferência Mundial de Edimburgo, precedida da realização de estudos
         que a preparariam, realizados pela FEPAFEM, com apoio da Fundação
         Kellogg.
               A avaliação da IDA contou com contribuições individuais
         (RODRIGUEZ NETO, 1979; KISIL, 1985) e os resultados de um estudo
         institucional desenvolvido pela FEPAFEM/OPS/Kellogg (CHAVES et al,
         1984). Em síntese, há concordância entre os autores quanto à validade
         da articulação entre as práticas de ensino e de serviços, mas há variações
         quanto à avaliação da eficácia das experiências desenvolvidas.
               Rodriguez Neto (1979) assinalou que a IDA corresponde mais a um
         discurso reformista e voluntarista, sendo irreal pretender a transformação
         dos serviços de saúde através de reformas pedagógicas. Contudo,
         reconhece que há a possibilidade de constituir-se em estratégia viável,
         desde que contribua para aproximar a formação dos profissionais de saúde
         da construção de novas realidades sociossanitárias e venha a estabelecer
         uma integração docência-trabalho.
               As contribuições de Kisil (1985) e Chaves et al (1984) têm por
         base, essencialmente, as mesmas experiências (33 projetos em 8 países),
         distinguindo-se o primeiro por suas características mais acadêmicas. Das
         análises conclusivas de ambos, extrai-se que a IDA apresenta fortalezas
         como: revela-se uma maneira efetiva de racionalizar o uso de recursos;
         contribui para a formação de uma massa crítica de líderes nos setores de
         educação e de saúde; propicia o desenvolvimento do trabalho em equipe;
         contribui para desmistificar a exclusividade da atenção hospitalar. Algumas
         debilidades  da proposta são: por ser inovadora é desestabilizadora, sendo
         elevado o risco de rechaço por parte das estruturas tradicionais; a sua
         dependência de líderes carismáticos; a probabilidade de ser encarada
         como atividade marginal, pois envolve, na maior parte das experiências,


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