Page 83 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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A primeira modalidade, abordando as necessidades sociais sob
o ângulo do cuidado médico-individual, centra-se na urgência de
modificação do caráter fragmentário da qualificação dos profissionais
formados pela escola, a partir, fundamentalmente, de uma mudança
de atitudes, que acarreta a recomposição do ato médico. A estratégia
das propostas de reforma com esta orientação reside na superação do
parcelamento curricular agrupando conhecimentos novos ou já existentes,
alterando o conteúdo e organização das disciplinas curriculares e adotando
novas técnicas didáticas e novos lugares de ensino (junto à família e à
comunidade).
A segunda modalidade, abordando também as necessidades sociais,
agora sob o ângulo da extensão do cuidado médico, centra-se na mudança
do padrão de atividades escolares, pretendendo compatibilizá-lo àquele
estimado a partir das “necessidades de saúde”, meio de se reorganizar
a prática médica, fundamentalmente, através de um compromisso da
escola com a extensão da cobertura dos serviços médicos à população. A
estratégia principal das propostas de reforma referidas a esta modalidade
constitui-se na reavaliação da distribuição do cuidado médico na sociedade.
Redefine o cuidado médico prioritário (atenção primária, vista como nível
de atenção e não como estratégia de mudança do sistema de saúde) com
base no padrão quantitativo e qualitativo das patologias.
Segundo a autora, essas propostas de reforma, nas duas modalidades
em que foram agrupadas, são condenadas ao insucesso, porque “(…) as
relações entre prática e educação médica não podem ser concebidas como
relações de recíproca autonomia, e muito menos como relações em que
as características da prática médica resultem dos padrões educacionais,
mas, muito pelo contrário, é a dinâmica própria da prática médica que
explica a dinâmica relativamente subordinada da educação médica”
(SCHRAIBER, 1989).
Mas, conforme alerta a autora, não se deve compreender esta
subordinação como absoluta e mecânica. Nem se desconhecer que,
historicamente, ocorrem processos de reorganização dos serviços de saúde
que têm potencialidades no que se refere a rearranjos efetivos na prática
médica. Por essa razão as propostas de reforma na educação médica
podem vir a representar o reflexo necessário de tais reorganizações. De
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