Page 84 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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qualquer forma, “(…) só o reconhecimento das próprias contradições reais
         da prática e da educação médica, no interior de situações concretas, é que
         permitiria propor (novas) práticas que, desenvolvendo as contradições,
         podem levar ao encontro de formas de superação dessas mesmas
         contradições” (SCHRAIBER, 1989).
               Recentemente, relacionando a situação da Residência Médica no
         Brasil com o desenvolvimento da educação médica, Feuerwerker (1998)
         afirmou que “pensar a Residência Médica como parte do processo de
         formação dos médicos pode ser um passo essencial para interferir, de
         fato, na definição do perfil dos profissionais médicos”. Esse papel, o da
         formação de especialistas, não era enfatizado, no início da formulação do
         marco teórico da educação médica, conforme se pode verificar através
         do seu esquema, apresentado anteriormente (Figura 1), no qual só está
         assinalada a articulação entre educação médica e a educação de segundo
         grau.
               Além disso, nesse estudo, a autora identificou problemas existentes
         nas propostas de mudança na educação médica dos anos 1980, entre
         os quais: a) uma compreensão insuficiente das consequências do
         processo de capitalização do setor saúde sobre a educação médica; b) a
         subestimação da importância de se trabalhar por transformações dentro
         das escolas médicas, motivada pela convicção de que era preferível
         agir na organização dos serviços de saúde e na prática assistencial, já
         que estas teriam maior poder de determinação sobre a primeira; c) a
         insuficiência da abordagem dos problemas propriamente pedagógicos
         da educação médica; d) a superestimação do potencial que a mudança
         de cenários de aprendizagem tem para transformar o conteúdo e a
         orientação do processo de formação profissional, o que só acontece se
         a diversificação de cenários vier acompanhada de mudanças nas práticas
         de atenção à saúde; e) o equívoco de pretender mudanças na escola
         médica via processos inovadores desencadeados a partir de um ou alguns
         departamentos isolados; f) a reduzida capacidade de influência sobre o
         ensino médico que a introdução de disciplinas como a sociologia, as
         ciências do comportamento e outras demonstraram ter, em razão de não
         se ter buscado identificar suas contribuições específicas para a formação
         do médico.
               Enfim, como se observa, as décadas de 1970/80 foram repletas de
         acontecimentos e de processos no terreno da educação médica, no campo


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