Page 82 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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é a de amoldar o estudante à ideologia e às práticas socialmente mais
valorizadas, das quais os professores de medicina são os principais
protagonistas”. O grande “nó da questão” é que, enquanto os docentes
são os profissionais de sucesso ou almejam sê-lo em um seleto mercado e,
portanto, reproduzem valores que conhecem, as perspectivas do mercado
de trabalho para os futuros profissionais são outras.
Segundo Rodriguez (1990), as principais tendências de reorientação
da educação médica na América Latina nos anos 1970 e 80 foram: a)
redefinição do objeto de estudo, representada pela substituição de
práticas educativas organizadas em torno de um corpo de conhecimentos
centrados nos objetivos de cada uma das disciplinas (doença, atendimento
individual e predominantemente curativo), por processos formados em
torno de conhecimentos referidos à saúde da população, nos marcos
de uma concepção de processo saúde-doença; b) desenvolvimento de
enfoques interdisciplinares; c) desenvolvimento da integração docente-
assistencial, concebida como um verdadeiro processo de serviço à
comunidade, no qual as ações de saúde devem ser vistas como objetos
de pesquisa, geradoras de novos conhecimentos e de novas práticas
de atenção; d) incorporação e reconceitualização das ciências sociais
nos processos educacionais, ainda predominantemente complementar
e fragmentada na maioria das escolas, mas cuja superação é apontada
pelo desenvolvimento da medicina social; e) inserção da universidade,
de forma crítica, nos processos de transformação dos sistemas de saúde.
Num estudo das relações entre educação e prática médica na ordem
social capitalista, Schraiber (1989) aponta a natureza contraditória da escola
médica e procura mostrar como as propostas existentes de reforma da
educação médica realizam a redução das contradições estruturais a meros
desajustes de conteúdo técnico.
Partindo dos tipos de racionalidade subjacentes às propostas que
analisa, a autora as agrupa em duas modalidades, às quais denomina: a)
modalidade de educação integrativa (a que correspondem, principalmente,
as temáticas da Medicina Integral, Preventiva e de Família); b) modalidade
de educação voltada para a cobertura das “necessidades de saúde do
conjunto da população” (a que correspondem as temáticas, principalmente,
da Medicina Comunitária e de Integração Docente-Assistencial).
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