Page 79 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
P. 79
apenas certos setores da escola médica, geralmente os departamentos
de preventiva; o fato de ser excessivamente acadêmica; o de apresentar
desenvolvimento insuficiente de novos modelos de práticas; a dependência
de recursos externos; a ausência ou precariedade de processos de auto-
avaliação.
Pouco antes do trabalho de campo do estudo de avaliação da IDA,
a OPS desenvolveu a concepção e os instrumentos de outra proposta
de mudança na educação médica e dos demais profissionais de saúde,
denominada Análise Prospectiva (FERREIRA, 1986).
Essa proposta considera que a visão predominante quanto à
qualidade da educação médica está vinculada ao grau de competência
dos profissionais no desempenho de suas atividades junto ao mercado
de trabalho existente. E que esta visão, por estar referida a uma situação
momentânea, é limitada e limitante, não levando em conta as mudanças
que, de forma permanente, realizam-se em todas as esferas da realidade. A
proposta pretende a superação dessas limitações em benefício de uma nova
visão, referida a um marco conceitual que considere, prospectivamente, o
contexto socioeconômico e político, o desenvolvimento técnico-científico,
a situação de saúde, os padrões profissionais, a estrutura e as normas de
funcionamento dos serviços de saúde.
Entendida não como mero instrumento de avaliação ou gerador
de estudos comparativos, mas como instrumento de indução da reflexão
e autocrítica em cada escola, a partir do que esta poderia formular suas
próprias estratégias de transformação, a proposta foi aplicada isoladamente
por escolas de enfermagem, de odontologia, de saúde pública e, em uma
ação conjunta da OPS com a recém-criada ALAFEM, em 60 escolas de
medicina de 12 países latino-americanos. O marco geral de referência, as
categorias, atributos, indicadores e o desenvolvimento do estudo estão
registrados em uma edição especial da Revista Educación Médica y Salud
(FERREIRA et al., 1988).
Os resultados mais importantes do estudo podem ser sintetizados
da seguinte forma: a) incipiente planejamento conjunto entre escolas e
serviços de saúde sobre a realidade de saúde da sua área de influência;
b) escassa experiência de pesquisa sobre as necessidades prioritárias
de saúde; c) desarticulação dos conteúdos programáticos; d) influência
contraditória dos modelos de prática médica na educação; e) financiamento
limitado e orçamentos insuficientes.
50 51