Page 75 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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Como segunda hipótese, o autor sustentou que a organização
         dos conteúdos curriculares e a natureza das experiências educativas
         contribuem, para a configuração do marco conceitual, com peso igual ou
         maior que a transmissão verbalizada de conceitos na relação professor-
         aluno.
               Uma terceira hipótese referia-se a que as relações de ensino e
         trabalho entre professores e alunos variam, em última instância, em
         decorrência de mudanças na sociedade, as quais exercem sua ação através
         de vários mecanismos, dos quais se destacam as modificações ocorridas
         na prática médica e as variações no número e procedência social dos
         alunos admitidos nas escolas de medicina.
               A quarta hipótese preconiza que os alunos percebem, de maneira
         consciente ou inconsciente, os paradigmas que  permeiam o processo   de
         ensino-aprendizagem e a estrutura escolar,  adotando-os ou não,  conforme
         tais paradigmas reforçam ou conflitam com o restante da estrutura social
         e com o papel que cada um aí desempenha ou pretende desempenhar.
               Por outro lado, além do trabalho de García (1972), realizaram-se
         importantes estudos sobre as propostas de medicina integral, desenvolvidas
         pelo movimento preventivista e de medicina comunitária (AROUCA, 1975;
         DONNANGELO, 1975; DONNANGELO & PEREIRA, 1976).
               Através da análise dos conteúdos propositivos e dos processos
         desenvolvidos, foi possível identificar essas iniciativas como movimentos
         racionalizadores de reforma da educação médica, com potencial para
         introduzir modificações parciais, mantendo o essencial dos modelos
         hegemônicos de formação e de prática. A proposta de uma medicina
         integral permaneceu no âmbito da retórica, o que indicava a força dos
         seus limites transformadores no contexto latino-americano, levando Arouca
         (1975) a definir a situação como própria de um “dilema preventivista”.
               A proposta da medicina comunitária, surgida pouco depois do
         início do movimento preventivista, também se originou nos Estados
         Unidos, visando a reduzir tensões sociais em áreas marginalizadas das
         principais cidades do país. Com ela se recuperava parte do conteúdo
         do movimento preventivista, particularmente a ênfase nas ciências da
         conduta (sociologia, antropologia, psicologia), destinadas “a possibilitar a
         integração das equipes de saúde nas comunidades ‘problemáticas’, através
         da identificação e cooptação dos agentes e forças sociais locais  para os
         programas de educação em saúde (...) deixando mais uma vez intocado
         o mandato social da assistência médica convencional” (ALMEIDA FILHO
         & PAIM, 1997).
               Em síntese, os estudos caracterizam a medicina comunitária, como
         a participação da comunidade nas ações de uma medicina integral,


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