Page 76 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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constituindo-se em uma nova estratégia do Estado no campo da saúde.
         A medicina comunitária não aparece, neste contexto, como um novo
         movimento teórico-ideológico no campo da saúde, tal como anteriormente
         havia sido a medicina preventiva e social.
               Nessa mesma década, noutra vertente teórico-metodológica, mas
         com ação nos mesmos espaços locais e nacionais, registrou-se a publicação
         de obras (CHAVES, 1978;  SONIS, 1978) que abordavam também a
         problemática da formação de recursos humanos, dos sistemas de atenção
         à saúde, da medicina comunitária e da educação médica, exercendo
         importante influência em inúmeros projetos da área.
               No caso específico do Brasil, nos anos 1970, houve a constituição de
         uma Comissão de Especialistas do Ensino Médico no âmbito do Ministério
         da Educação. Ao mesmo tempo, segmentos renovadores da educação
         médica participaram da construção das bases de um novo movimento
         sanitário.
               Esses segmentos contribuíram com o trabalho teórico para a crítica
         ao sistema de saúde e para a formulação de propostas, com vistas à sua
         reorganização. Apoiaram e participaram das experiências pioneiras de
         extensão de cobertura e participação comunitária na (re)organização de
         sistemas descentralizados e hierarquizados de saúde ao nível municipal
         (Londrina, Campinas, Niterói), microrregional (Montes Claros), estadual
         (Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo) e macrorregional (Plano de
         Interiorização de Ações de Saúde e Saneamento-PIASS, no Nordeste). Além
         disso, participaram da construção de entidades como o Centro Brasileiro
         de Estudos de Saúde (CEBES) e a Associação Brasileira de Pós-graduação
         em Saúde Coletiva (ABRASCO), fundados respectivamente em 1976 e em
         1979, que desempenharam importante papel na mobilização nacional em
         torno da saúde nos anos 1970 e principalmente nos anos 1980.
               No âmbito internacional registrou-se ainda, no final da década de
         1970, o lançamento  pela  OMS  da  consigna  Saúde  para  Todos  no  Ano
         2000 (SPT-2000) – aprovada  na Assembleia Mundial da Saúde de 1977
         – e  o estabelecimento da APS – aprovada  na Conferência Internacional
         de Alma-Ata – como estratégia privilegiada de operacionalização das
         metas de extensão de cobertura e participação comunitária da SPT-2000.
         Mais tarde, nos anos 1980, com o enfoque de um modelo distritalizado
         com níveis hierarquizados de atenção, a proposta dos Sistemas Locais de
         Saúde (SILOS) integrou-se às iniciativas de reforma setorial da saúde no
         Brasil e em alguns outros países latino-americanos.



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