Page 22 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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afirma ser a própria organização estrutural da atenção médica que exerce um
papel dominante através da estrutura do mercado de trabalho e das condições
que circunscrevem a prática médica (OPAS, 1976).
Ao longo dos anos, a correta identificação da influência do
mercado de trabalho sobre o processo de formação profissional degenerou,
em alguns casos, em determinismo estrutural (Almeida, 1999), como se um
determinasse o outro, sem a mediação de uma série de processos que se
relacionam a ele e podem também influenciá-lo significativamente.
Essa forma mecânica de determinação da prática sobre o
ensino merece ser questionada, como assinala Feuerwerker (2002), citando
como exemplos a reforma do sistema de saúde inglês, que foi feita
imediatamente no pós-guerra (Testa, 1995), e o modelo de formação médica
adotado no Reino Unido, baseado no relatório Dawson e não na orientação
flexneriana. Ou seja, existiria a possibilidade de fazer prevalecer referencial e
valores distintos dos hegemônicos sem submeter a organização do sistema de
saúde e da educação médica à lógica do capital — ainda que na vigência do
capitalismo.
Enfatizam-se com esses exemplos os condicionamentos
estruturais que admitem a construção de variantes sob a ação dos sujeitos e a
especificidade dos contextos e das relações de força em dado momento
histórico.
Os modelos sanitários, a prática em particular e a educação
dos profissionais de saúde em vigor, em uma dada sociedade e em um dado