Page 25 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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Como não poderia deixar de ser, essas tendências estão
vinculadas a posturas filosóficas mais amplas sobre a concepção de
sociedade e de ser humano. Ao fixismo (idéia de que o mundo sempre se
repete) corresponde a concepção essencialista de homem, isto é, a convicção
de que todo ser humano tem uma essência fundamental que explica a sua
natureza. Por sua vez, o transformismo (idéia de que tudo se renova) associa-
se à concepção do homem pela perspectiva relacional, isto é, um ser é
constituído não só por uma base biológica, mas pelas múltiplas experiências e
relações vividas no meio cultural (Matuí, 1996).
O essencialismo, a depender da concepção de educação,
pode estar relacionado ou com o empirismo ou com o inatismo.
No empirismo, parte-se do princípio de que o homem, ao
nascer, é uma tabula rasa, razão pela qual o conhecimento deve ser
introduzido de fora para dentro por um mestre detentor do saber. Nesse
processo, o que se espera do estudante é a assimilação passiva do
conhecimento. Em caso de não aprendizagem, a culpa recai no aluno e o
professor costuma dizer: "eu ensinei, mas ele não aprendeu", ou seja, o
estudante não foi capaz de “segurar” as informações recebidas (Matuí, 1996).
No inatismo, acredita-se que as crianças já nascem com certa
predisposição para aprender, que pode ser explicada pela hereditariedade,
pelo dom ou pela raça. A aprendizagem é um processo de revelação daquilo
que, de alguma forma, já existe no indivíduo. Quando o aluno não aprende, o