Page 27 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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cientificamente bem fundamentamenta, que possa servir como base para uma
boa formação geral do médico, em um processo que não se contenta com
uma especialização precoce e nem se conforma com um saber mínimo.
O médico do futuro idealmente deverá ser capaz de situar a
Medicina no contexto da realidade sociopolítica e que se constitui como um
profissional inquisitivo, pesquisador e crítico em face da realidade da saúde e
dos problemas sanitários de seu território e do contexto que o envolve.
No campo da saúde, a consolidação do Sistema Único de
Saúde (SUS) coloca novas e importantes questões diante da necessidade de
oferecer atenção integral, resolutiva e de qualidade em todos os níveis do
sistema. Por essa razão, o debate sobre formação e desenvolvimento dos
profissionais de saúde vem ganhando importância cada vez maior, já que o
descompasso entre o perfil dos profissionais e as orientações do sistema de
saúde é identificado como fator crítico para a consecução desses objetivos
(Campos, 1998).
Por outro lado, paira no campo educacional uma tradição
conteudista e fragmentária típica do modelo empirista. Conteudista porque
privilegia o conhecimento como um conjunto pré-determinado e inflexível de
saberes a ser passado dos professores aos estudantes. Fragmentário porque
se pauta no pressuposto de que as disciplinas devem ser ensinadas de modo
independente e que a simples associação (ou acumulação) delas garante a
formação profissional. Nessa concepção, a qualidade do “bom médico” se
equipara ao seu acervo quantitativo de conhecimentos e técnicas, sem