Page 31 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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e gestão em saúde, ciências sociais em saúde e saúde do trabalhador,
aparecendo, quer como disciplinas específicas, quer como conteúdos
embutidos em disciplinas mais gerais, ou como temáticas e práticas em
módulos interdisciplinares (Cyrino, 2002), o que reforça a concepção
fragmentária da formação médica.
Especificamente quanto ao ensino desses conteúdos, as
novas diretrizes curriculares nacionais enfatizam a necessidade de
incorporação do enfoque epidemiológico, populacional, na compreensão dos
"determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos, ecológicos,
éticos e legais" do processo saúde-doença, estabelecendo que a estrutura do
curso de graduação tenha como um dos eixos do desenvolvimento curricular
"as necessidades de saúde dos indivíduos e das populações", como consta da
resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Educação.
Em uma oficina de trabalho sobre Saúde Coletiva na
graduação em Medicina, realizada pela Associação Brasileira de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO) em dezembro de 2002 em São
Paulo, houve várias evidências de desconhecimento dos professores de
Saúde Coletiva em relação aos movimentos de mudança e às diretrizes
curriculares. Pela amostra das posições apresentadas, constatou-se também
uma considerável heterogeneidade no que diz respeito aos conteúdos de
Saúde Coletiva atualmente presentes na graduação e um relativo afastamento
da área diante de questões e desafios concretos no campo da educação e da
própria construção do SUS (Marsiglia et al., 2002).