Page 26 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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professor costuma dizer: "ele não tem a possibilidade de aprender" (Matuí,
1996).
Nessas duas concepções de educação, tanto no empirismo
como no inatismo o ensino apenas se ajusta ao que já existe ao que é fixo e
pré-determinado. Nascer com um dom ou nascer como uma folha de papel em
branco (o “conhecimento zero”) são concepções que têm como conseqüência
a fixação dos processos de ensino, seja para ensinar o que o indivíduo já
nasceu para ser, seja para ensinar tudo o que dele se espera.
No relacionismo, que é a base do sócio-construtivismo, em
função da concepção de ensino do educador, o homem se torna homem pela
sua história e seu contexto sócio-cultural sem desconsiderar o aspecto
biológico, a educação é pensada a partir das experiências mediadas e dos
processos interativos (Becker, 1993); trata-se, portanto, de um processo
construído ativamente e a longo prazo pela interação ininterrupta entre
professores e estudantes, estudantes e estudantes, estudantes e objetos ou
situações que promovem o conhecimento.
O sujeito aprendiz é agente nesse complexo processo pela
possibilidade de criar hipóteses, refletir sobre os assuntos trabalhados, testar
seus conhecimentos, defender argumentos, lidar com conflitos, desenvolver
pontos de vista, compreender causas e correlações.
Este é o pressuposto de formação médica deste estudo. O
médico a ser formado na graduação não é aquele que conhece pouco de
muito, mas sim aquele que tenha uma educação médica ampla e