Page 23 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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momento, estão baseados na concepção social predominante do que seja o
processo saúde-doença. Sua especificidade é definida em função das
características e relações socioeconômicas, políticas e ideológicas no campo
do saber teórico e prático sobre saúde e doença, sobre organização,
administração e avaliação dos serviços e a clientela dos serviços de saúde
(Feuerwerker, 2002).
É socialmente, mediante o confronto de interesses de diversas
naturezas e de diferentes grupos humanos, que se determina o modo como se
estrutura a atenção à saúde e a formação dos profissionais necessários para
prestar esse tipo de serviço (Minayo, 1992). Nessa perspectiva, para este
estudo, é importante compreender como se dão os mecanismos de
determinação de influência recíproca e as lutas de poder em torno da
definição do perfil da educação dos médicos.
As reformas do ensino não podem ser vistas isoladamente ou
deslocadas dos momentos em que se deram em situações concretas (Silva,
1987). Influenciados por vários modelos, muitas escolas de Medicina no Brasil
surgiram e outras propuseram-se a reformar seu ensino nos últimos anos. No
entanto, o grau de ajustamento social, científico e pedagógico das iniciativas
de constituição ou de mudança é variável. A configuração dos cursos depende
do contexto e também das características das próprias propostas de
intervenção, da “consistência teórico-metodológica, da solidez de sua base
estrutural e da pertinência de suas estratégias” (Almeida, 1999).