Page 275 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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Paralelamente às significativas mudanças que ocorreram nos
serviços de saúde da cidade de Curitiba, não apenas de extensão quantitativa
da assistência à saúde, mas também de qualidade da assistência e de sua
organização estrutural e dos objetivos da saúde, houve importantes mudanças
na academia, em particular na UFPR.
Os gestores do Curso de Medicina da UFPR implementaram,
a partir de 1992, uma reforma curricular onde os docentes do Departamento
de Saúde Comunitária acabaram ficando no meio de uma disputa entre os que
pretendiam que o curso buscasse a formação de um médico com perfil mais
generalista, em oposição à formação do médico especialista.
O diagnóstico relatado na UFPR, na época, era de um
currículo de medicina muito especializado, com conteúdos repetitivos,
centrado, na sua maior parte, em atendimento a pacientes crônicos, usuários
dos serviços do HC, com uma demanda mais selecionada, um perfil de
morbidade de problemas pouco freqüentes e com necessidade de
intervenções mais complexas. Uma crítica dos estudantes era que eles
atendiam pacientes com diagnósticos já definidos e não sabiam enfrentar uma
demanda de ambulatório geral com competência e resolutividade.
Na época da reforma, há 18 anos atrás, os docentes da
Saúde Comunitária da UFPR também faziam parte do grupo que queria
mudanças no curso, no sentido de um ensino mais voltado às necessidades
da população, com mais conteúdos de cunho social e aumento da
participação da Saúde Coletiva, além de uma clínica que contemplasse os