Page 75 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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C APÍTULO II A EDUCAÇÃO MÉDICA NO BRASIL
emprego e salário, que extrapolam e muito a governabilidade do setor saúde.
Uma profissão pressupõe um corpo de conhecimentos, mas também uma
orientação para um ideal de serviços. (PAIM e TEIXEIRA, 2002)
Na Educação Médica, é reconhecida a grande influência que a estrutura
social e, particularmente a organização social dos serviços, exerce sobre a
formação dos profissionais, o que implica a necessidade de mudanças no
sistema de saúde e na própria sociedade para reorientar a formação de
recursos humanos em saúde. Apesar da Educação Médica estar subordinada
a regras do campo da educação, é o setor saúde que define seus rumos e sua
conexão com a sociedade, particularmente por meio da prática médica: Para
Feuerwerker (2002) as escolas e os currículos médicos são componentes
desses processos mais gerais, confirmando a íntima relação entre educação
médica, prática médica e estrutura social.
Ao mesmo tempo, as instituições de ensino exercem grande influência
na organização dos serviços de saúde, à medida que interferem na
constituição dos sujeitos que atuarão no sistema de saúde. De acordo com
Almeida (1999: 07), “uma vez que o modo de formar médicos determina
a ordem institucional, é esperado que mudanças no primeiro levem a
transformações substanciais na forma de organização da educação médica”.
Também para Lampert (2002), as reformas do setor saúde estão
intrinsecamente ligadas à formação de recursos humanos para a saúde, em
especial da categoria médica que mantém a hegemonia ideológica da prática
profissional própria do setor. Nessa lógica, os serviços de saúde organizam-
se para dar respostas aos problemas de saúde e sofrimento da população e
as escolas existem para preparar profissionais, que, atuando nestes serviços,
dêem respostas aos problemas e às necessidades de saúde.
Em meados dos anos 2002, a Educação Médica brasileira vinha
passando por grandes mudanças, acompanhando a evolução da educação
médica mundial, que desde a década de 60 iniciou um processo de mudança
paradigmática. Naquele momento, o desafio que se colocava para a formação
profissional em saúde, além de atender às questões educacionais, era
prioritariamente, responder aos problemas e às necessidades de saúde da
população.
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