Page 78 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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dos papéis da academia e dos serviços de saúde, sugerindo cooperação na
seleção dos conteúdos, na produção do conhecimento e no desenvolvimento
da competência profissional. Para que a aprendizagem seja significativa,
há que se trabalhar com uma pedagogia diferenciada – que considere
cada sujeito com seus potenciais e dificuldades, que esteja voltada para a
construção de significados, abrindo assim, caminhos para a transformação
e não para a reprodução acrítica da realidade social. (FEUERWERKER e
LIMA, 2002)
Segundo Ferreira (1994) apud LAMPERT (2002: 72), a mudança
de paradigma deve incluir: (a) a redefinição dos conceitos de saúde e
doença em um âmbito transdisciplinar e de articulação do conhecimento
biológico e social; (b) o redirecionamento do avanço tecnológico em função
da necessidade política de se ajustar aos problemas nacionais, a partir de
um esforço investigativo centrado na realidade; (c) o redirecionamento
dos espaços da prática tomando em conta seus níveis de complexidade e
o próprio desenvolvimento de uma nova prática; e (d) o reconhecimento
dessa prática e sua integração aos avanços da cidadania e dos processos de
participação da sociedade civil dentro do novo contexto de democracia que
vive a América Latina.
Para ele, o novo paradigma carece de uma abordagem epistemológica
que favoreça sua compreensão e respalde sua aplicação na realidade. Será
preciso que a escola médica não fique à margem do processo de transição,
e que lute para assumir a liderança da transformação que se faz urgente, a
partir de um processo participativo que leve em conta a análise prospectiva
desse entorno no redimensionamento da missão de formar médicos.
(FERREIRA, 1994 apud LAMPERT, 2002)
Como se pode perceber, a mudança do paradigma flexneriano para o
paradigma da integralidade foi uma mudança radical. Para superar o modelo
biomédico e hospitalocêntrico, centrado na doença e na assistência médica
curativa é preciso muito mais do que mudanças curriculares. É preciso
uma transformação profunda na prática e na formação profissional; e na
organização e no financiamento dos sistemas e dos serviços de saúde.
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