Page 76 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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Esse processo longo, conflituoso, e muito rico, é descrito com
profundidade por Almeida (1999), que apresenta a influência da dimensão
internacional nas mudanças educacionais na área da saúde na América
Latina, e desta, nas políticas para a formação de recursos humanos no
Brasil, sempre contextualizadas em cada momento histórico, considerando
as tendências econômicas e a organização política e social.
Feuerwerker (2002) analisou temas centrais relacionados à lógica da
organização do setor saúde, ao trabalho médico, ao saber médico e à escola
médica, buscando identificar sua repercussão no processo de produção
de médicos, de forma a contribuir com a compreensão da construção de
mudanças nas escolas médicas. Já Lampert (2002), avaliou as mudanças
na educação médica nas décadas anteriores, na perspectiva da construção
do novo modelo, em busca da superação do modelo flexneriano, que desde
a metade do século XX, serviu de referência para a formação do médico no
Brasil.
Esse estudo não teve a pretensão de resgatar o processo da evolução
da educação médica brasileira, entretanto necessitava da compreensão
sobre a mudança de paradigma que estava em curso na formação médica,
passando do modelo flexneriano para o modelo da integralidade, de forma a
contextualizar a reorientação da formação profissional em saúde. Para tanto,
considerou, segundo Lampert (2002), as características básicas de cada um
deles:
Paradigma flexneriano: O chamado paradigma flexneriano serve de
referência ao modelo dominante, totalmente hospitalocêntrico, que se
baseia na forma tradicional de ensinar medicina e que se caracteriza: (a)
pela predominância de aulas teóricas, enfocando a doença e o conhecimento
fragmentado de disciplina; (b) pelo ensino centrado no professor e em
aulas expositivas; (c) pela prática predominante no hospital; (d) pela
capacitação docente voltada unicamente para a competência técnica-
científica, (e) pelo mercado de trabalho referido pelo consultório
tradicional; e (f) pela ênfase na especialização precoce, dificultando a
formação geral dos médicos.
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