Page 81 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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C APÍTULO II  A EDUCAÇÃO MÉDICA NO BRASIL



                   (e) a superação da contradição entre a formação de especialistas e
                   médicos gerais exige que a educação médica enfrente criticamente
                   a  determinação  tecnológica  do  critério  médico  de  qualidade,
                   que envolve tanto a ética profissional como a equidade. É nesse
                   sentido que se dão as possibilidades de resolver este velho dilema
                   da  educação  médica.  É  necessário  começar  a  formar  melhores
                   especialistas, e ao mesmo tempo é necessário resgatar e fortalecer
                   a  formação  geral  na  graduação,  colocando-os  adequadamente
                   nas equipes  de saúde,  promovendo igualmente  suas  funções  e
                   reconhecimento sociais.

                Essas questões, que indicavam as oportunidades para a construção das
           propostas de mudanças para a Educação Médica na América Latina, vinham
           ao encontro das necessidades de adequação da formação médica no Brasil,
           acompanhando a estruturação do Sistema Único de Saúde.
                Era  preciso,  portanto,  formar  médicos  com  perfil  totalmente
           diferenciado do profissional formado até então pelo modelo hegemônico, era
           preciso formar médicos generalistas que compreendessem as necessidades
           de  saúde  da  população,  e  considerassem  a  sua  realidade  para  apresentar
           soluções, ou seja, médicos preparados para atuar no Sistema Único de Saúde.
                Para isso, seria necessário enfrentar problemas tais como a fragmentação
           do ato médico, a perda de qualidade da relação médico-paciente, a exclusão
           de boa parte da população do acesso aos serviços em função da elevação
           assustadora dos custos, e a introdução precoce da especialização levando à
           fragmentação de conteúdos e à perda da terminalidade da formação médica.
           (FEUERWERKER, 2002)
                Esse movimento  acompanhava as discussões  que ocorriam na
           área  da  educação,  na  defesa  de  uma  proposta  pedagógica  interativa,  que
           desenvolvesse  a capacidade  de aprender a aprender, que preparasse
           os estudantes  para lidar com  as novas tecnologias  da informação,  os
           tornasse capaz de trabalhar em equipe e de exercer liderança, enfim, que
           formasse profissionais capazes de lidar com a evolução do conhecimento,
           e mais do que isso, com competências e habilidades para tomar decisões e



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