Page 77 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
P. 77

C APÍTULO II  A EDUCAÇÃO MÉDICA NO BRASIL



                     Paradigma da integralidade: O novo modelo, denominado de paradigma
                     da integralidade aponta para: (a) ênfase na saúde e não na doença (a
                     promoção, a preservação e a recuperação da saúde); (b) processo de ensino-
                     aprendizagem centrado no aluno que deve ter um papel ativo na própria
                     formação; (c) ensino da prática no sistema de saúde em graus crescentes
                     de  complexidade  e  voltado  para  as  necessidades  básicas  de  saúde;  (d)
                     capacitação docente que considera além da competência técnica-científica,
                     a competência didático-pedagógica e a participação e o comprometimento
                     no sistema público de saúde; (e) mercado de trabalho orientado para a
                     reflexão  e  discussão  crítica  dos  aspectos  econômicos  e  humanísticos  da
                     prestação de serviços de saúde e de suas implicação éticas; e (f) ênfase
                     na  formação  contextualizada,  levando  em  conta  as  dimensões  sociais,
                     econômicas e culturais da vida da população.


                De  acordo com  Feuerwerker (2002), o  modelo  tradicional  forma
           profissionais  que  dominam  diversos  tipos  de  tecnologia,  mas  cada  vez
           mais incapazes de lidar com a subjetividade das pessoas e com questões
           complexas como a educação em saúde, o autocuidado, o enfrentamento da
           dor, da perda, da morte, o direito das pessoas à saúde ou a necessidade de
           ampliar a autonomia do paciente, entre outras. Essa formação tradicional
           conduz ao estudo fragmentado dos problemas de saúde, levando à formação
           de especialistas que não conseguem  lidar com  a totalidade  ou com  o
           complexo, já que é baseado na organização disciplinar e nas especialidades.
                O médico formado por esse sistema já não atendia mais às necessidades
           dos serviços de saúde que passou a exigir um profissional de saúde que
           considere as dimensões sociais, econômicas e culturais da população, que
           respeite  os  princípios  do  SUS,  que  enfrente  os  problemas  do  processo
           saúde-doença de forma contextualizada, e atue de forma interdisciplinar e
           multiprofissional. O paradigma da integralidade pressupõe a construção de
           um novo modelo pedagógico, visando o equilíbrio entre excelência técnica e
           relevância social, que somente se concretiza a partir da integração das ações
           das universidades, dos serviços de saúde e da comunidade.
                A concepção  pedagógica  que  sustenta  o  paradigma da integralidade
           está fundamentada na aprendizagem significativa que requer a articulação


           64
   72   73   74   75   76   77   78   79   80   81   82