Page 30 - A Organização dos Serviços de Saúde em Londrina
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ESTADO E POLÍTICAS DE SAÚDE
forma, estas relações apontam cada vez mais para um crescente
avanço das relações capitalistas no campo da atenção à saúde. “As
atividades do setor saúde passam a cumprir funções marcantes
na produção do Capital e da Força de Trabalho; a prestação
de cuidado médico rege-se por critérios de rentabilidade e
lucratividade e não pelas necessidades de saúde da população”
(28).
Entendendo por políticas de saúde como sendo aquelas
de responsabilidade do Estado, nosso intuito é não confundi-
las com os projetos institucionais de medicalização de que
são portadoras as diversas Instituições de Saúde e que são
entendidas em sentido amplo como política de saúde. Como
observa Madel Luz (43): “Esta distinção é necessária para não
se identificar políticas de saúde com instituições médicas. Para
além das instituições “Aparelhos” de saúde há um conjunto
de instituições não estatais como a indústria farmacêutica,
laboratórios em geral, institutos de pesquisa e associações
científicas deste ou daquele ramo da medicina que tem uma
influência – às vezes importante – sobre as políticas de saúde,
mas não podem traçá-las. Representam, neste caso, tendências
institucionais mais ou menos organizadas no seio da sociedade
civil, isto é, no conjunto das relações sociais existentes, estando,
portanto, ligadas aos interesses – políticos e econômicos – das
diversas classes sociais e seus aliados. Esta distinção, analítica,
não deve ser entendida como separação. Da mesma forma
que o Estado, visto pelo ângulo dos aparelhos de saúde, não
deverá ser olhado como entidade abstrato-formal, desligada
dos interesses privados (“civis”) que nele se organizam, a
sociedade civil, vista pelas instituições ou por movimentos
sociais, não deve ser olhada como “entidade privada”, sem
presença e representação nos aparelhos estatais. (...) A distinção
é assim, instrumento analítico de um olhar dialético sobre a
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