Page 32 - A Organização dos Serviços de Saúde em Londrina
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ESTADO E POLÍTICAS DE SAÚDE
A política de desenvolvimento vigente no país expressa
a composição e correlação de forças existentes na sociedade
e no concerto internacional e demonstra claramente o caráter
do Estado brasileiro. Isto, na medida em que o modelo
de desenvolvimento vem se caracterizando por favorecer
prioritariamente o processo de acumulação de capital e pelos
mecanismos concentradores de renda, privilegia a produção de
bens de capital e a produção de bens de consumo durável para a
classe média, principalmente média alta. Ver, a este respeito, os
trabalhos de Cardoso (18), Serra (69), Singer (70) e Oliveira
(56).
Privilegiando os interesses do empresariado industrial,
particularmente do que mantém articulação com o
capital estrangeiro, evidencia-se um Estado privatizado e
internacionalmente dependente. Para praticar e manter esta
política, as classes sociais diretamente interessadas, ou seja,
“o setor da burguesia empresarial que se organizou na Grande
Empresa e os setores da classe média que se escudam no Estado
Empresarial e na Grande Empresa, inclusive e principalmente
os militares que assumiram como missão própria alcançar e
fortalecer o desenvolvimento capitalista”(17), comandadas
pela grande burguesia monopolista, imprimiram ao Estado
um caráter autoritário e coercitivo dos grupos sociais
subalternos, pois uma das condições básicas para a efetivação
do modelo é justamente o arrocho salarial, com o consequente
descontentamento das classes trabalhadoras, o que requer todo
um aparato estatal de controle e repressão garantidores de
“estabilidade” necessária. Assim, a desmobilização das massas,
a extinção de canais usuais de reivindicação e participação
popular, e toda uma gama de mecanismos governamentais de
excepcionalidade legal, foram configurando, progressivamente,
um regime autoritário marcado pela compressão política.
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