Page 31 - A Organização dos Serviços de Saúde em Londrina
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a organização dos serviços de saúde em londrina: antigos e novos registros de uma experiência em processo
saúde enquanto encargo historicamente confiado ao Estado
e sobre as pressões e mudanças introduzidas nas políticas de
saúde pela complexa rede de oposições e alianças presentes nas
instituições médicas civis”.
Não se pretende, nesta oportunidade, um aprofundamento
maior destes temas. A intenção central é deixar evidente
o referencial teórico que balizará a tentativa de trazer
contribuições, extraídas no plano operacional, que possam
alimentar o debate e a prática.
Fica evidente, portanto, que também no âmbito da
sociedade brasileira, o papel do Estado merece ser destacado
como elemento importante de análise. Estado entendido aqui
não como instância político-administrativa pairando acima
dos grupos sociais, provedora de serviços e de assistência
aos “deserdados da fortuna”, equalizadora de interesses e
necessidades de diferentes setores da sociedade, mas como
instrumento de poder de grupos sociais dominantes que
desempenha o papel de manter o tipo de sociedade que satisfaz
seus interesses, mesmo que para esse intento tenha que
incorporar certas exigências dos grupos sociais dominados.
Desse ponto de vista, o Estado aparece, na realidade, como
cristalização do campo de luta das classes e frações de classe.
As políticas de saúde e as alterações das diferentes tendências
na organização dos serviços de saúde não fogem a essa dinâmica
política.
É preciso estudar o movimento atual de intervenção do
Estado nas Instituições de Saúde, seja como produtor direto
de serviços, seja como financiador dos produtores privados,
seja como racionalizador e normatizador, visando à extensão
da cobertura, diminuição dos custos da atenção médica e
“redistribuição” de renda através dos sistemas previdenciários.
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