Page 36 - A Organização dos Serviços de Saúde em Londrina
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ESTADO E POLÍTICAS DE SAÚDE
que pelo seu custo e pelo poder aquisitivo da população está
em profunda crise;
3ª.) possibilitando o surgimento de uma forma capitalista
mais avançada da medicina, a medicina de grupo;
Portanto o Estado, como instrumento das forças sociais,
hegemônicas, constitui-se, na sociedade brasileira de classe, em
fator de manutenção da ordem capitalista e também no setor
saúde desempenha este papel. Senão vejamos:
“Os serviços de saúde são um serviço de controle que
se insere entre o indivíduo e a natureza e entre o Estado e a
natureza. Para o Estado, os SS exercem atividades de controle
sobre o indivíduo, enquanto cidadão (por exemplo, isentando-
se ou não de certos deveres como a prestação do serviço
militar, de votar, etc.), e enquanto membro da força de trabalho
(reconhecendo-o como apto ou inapto para o trabalho e,
neste último caso, decidindo se ele faz jus a auxílio-doença,
indenização ou aposentadoria). (...) Finalmente é preciso
aduzir que estas múltiplas atividades dos SS são congruentes
na medida em que contribuem para a preservação da ordem
social, inclusive ao propor alterações adaptativas da mesma.
Ao produzir saúde, portanto, o que os SS fazem é produzir
condições materiais e psicológicas indispensáveis ao desenrolar
da vida política, social e econômica em determinados moldes”
(71). Ainda: “Entendemos por efeito especificamente político a
função de controle que exercem os planos, programas e políticas
de saúde sobre as classes e grupos sociais subordinados.
Entendemos que este controle é político na medida em que
se destina prioritária e majoritariamente aos trabalhadores,
visando seu enquadramento disciplinado nas relações sociais
existentes. Este enquadramento é marca de uma dominação
de classe exercida pelos grupos dominantes através do Estado.
O efeito político se exerce também através da absorção de
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