Page 52 - A Organização dos Serviços de Saúde em Londrina
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ESTADO E POLÍTICAS DE SAÚDE
na medida em que, recuperando os trabalhadores para a
produção, procura mantê-los com condições mínimas de saúde
para uma boa produtividade, e às grandes empresas privadas
que produzem ou intermedeiam a produção de serviços.
É importante frisar que é a própria população trabalhadora
que, através de sua contribuição à Previdência Social e do
pagamento da contribuição das empresas à Previdência que lhe
são repassados no preço final dos produtos, produz todo o
lucro dos grupos de interesse do setor, financiando a própria
medicina do grupo que desempenha um papel coercitivo sobre
os trabalhadores.
Entretanto persistem setores populacionais ainda não
incluídos no mercado de consumo médico. A estes grupos se
dirigem programas de extensão de cobertura patrocinados pelo
Estado que encerram propostas renovadoras e contraditórias
em face do modelo médico-hospitalar hegemônico. Através
de Atenção Simplificada à Saúde pretende-se resolver os
impasses gerados ao interior do Complexo Médico-Industrial.
Florescem nas fissuras das Instituições de Saúde as propostas
democratizantes ao incorporar novos tipos de agentes de saúde,
recrutados nas próprias populações atendidas e com tentativas
de participação em nível local nas decisões sobre os programas
a serem executados.
Mas o contexto econômico-político acentua cada vez mais
as principais tendências da atual Política Nacional de Saúde e
reforça as barreiras a outras formas de organização dos serviços
de saúde no país. No momento, vale a pena discutir o alcance e
as limitações da experiência de Londrina, desenvolvida sob uma
Política Nacional de Saúde cuja tônica principal é a extensão
da cobertura e a diferenciação de serviços, orientada pela lógica
de uma economia capitalista com alto grau de controle e
intervenção estatal.
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