Page 103 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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ensino-aprendizagem e de pesquisa nas redes, particularmente nos serviços
         de primeiro nível, às formas de participação social na gestão dos serviços
         e no desenvolvimento das ações de saúde.
               O enfoque, adotado no documento-base para o desenvolvimento
         desta dimensão, guarda estreita relação com a produção técnica da OPS
         sobre SILOS e é, basicamente, uma proposta de mudança de práticas
         institucionais, profissionais e sociais relacionadas à saúde. Utilizando o
         conceito de prática como instrumento para transformação de uma dada
         realidade concreta, através do trabalho socialmente organizado, Loureiro
         (1994) afirma que esta, no que diz respeito à saúde, “(...) pode ser uma
         prática de transformação de certas técnicas de prevenção, promoção ou
         recuperação da saúde. Pode ser, também, um processo de reorganização
         do poder institucional, ou uma mudança nas formas com que se expressa
         a participação da comunidade organizada”. Registre-se que, no texto
         referido, se faz clara recomendação do planejamento estratégico situacional
         como metodologia para elaboração de projetos.
               Desenvolvimento comunitário: diz respeito ao fortalecimento das
         comunidades residentes nas áreas de atuação dos projetos, particularmente
         em questões de saúde, mas também envolve outros aspectos sociais no
         tocante à melhoria da qualidade de vida. Trata-se do desenvolvimento das
         faculdades próprias da comunidade para reivindicar, intervir e participar da
         gestão das instituições. Implica na identificação das organizações sociais
         existentes, no desenvolvimento de ações de capacitação nas práticas de
         autocuidado (individual, coletivo e do meio ambiente) e na geração de
         espaços e formas de participação nas estruturas institucionais.
               Conforme assinala Izquierdo (1994), a dupla natureza do ator
         “comunidade”, destinatário e,  ao mesmo tempo, protagonista, nos projetos
         UNI, é fonte potencial de conflitos e confusões. O desenvolvimento
         comunitário e a participação social preconizados na proposta UNI não
         são equações simples, mas complexas e vinculadas; trata-se de modificar
         concepções, atitudes e modalidades de atuação não só dos atores
         comunitários, mas também das instituições acadêmicas e de serviços, de
         modo a que se facilite o surgimento de espaços para que a participação
         se concretize e produza resultados.
               Na Figura 7, estão representados graficamente os principais sujeitos
         envolvidos num projeto UNI, os espaços que ocupam e as interações
         entre eles.


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