Page 139 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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A proposta identifica também um “velho modelo de análise”, através
do qual, segundo ela, um anacrônico binômio “pratica médica – educação
médica” e suas mútuas relações têm inspirado muitas e insuficientes
adaptações nos conteúdos curriculares. O resultado mais comum é um
ensino médico, às vezes mais eficiente e científico, mas, fruto de um
limitado enfoque de “excelência profissional”, sem ter consciência das
mudanças que vêm ocorrendo na sociedade e no sistema de saúde.
“Após décadas de experiências em reformas educacionais, as limitações
do modelo tradicional de educação médica devem ser reconhecidas.
Esse modelo se baseia em dois pressupostos: a) quanto mais se ensina,
mais é aprendido, e b) quanto melhor se aprende, melhores práticas são
executadas” (BOELEN, 1994).
É apontada a limitação desse modelo tradicional, que supõe uma
relação linear entre a ação educativa, o comportamento do aluno e, mais
tarde, entre esse comportamento e a prática desenvolvida. Não são levados
em consideração os outros determinantes, tais como a remuneração, o
reconhecimento social, a satisfação profissional e as condições de trabalho,
que influenciam fortemente as práticas médicas.
A proposta “Changing” fundamenta-se em um “novo modelo de
análise”, segundo o qual a educação médica é vista num contexto que
fortalece a perspectiva do profissional formado vir a prestar uma atenção
eficiente (“cost-effective”) e de alta qualidade. O “novo modelo de análise”
é baseado na concepção de que a escola médica deve ter missão mais
congruente com as aspirações político-sociais das comunidades locais
e da sociedade. “A educação médica é cara e sua avaliação vem sendo
requerida pelos governos e pela sociedade, especialmente nos últimos
anos, quando os recursos são cada vez mais limitados. A nova missão da
escola médica deve contemplar a formação de profissionais competentes
e também a construção de novos modelos de atenção à saúde” (BOELEN,
1994).
Enfim, o “novo modelo de análise” apresentado, contempla o
reconhecimento de relações bidirecionais entre educação médica, prática
médica e sistema de atenção à saúde, superando um “velho modelo de
análise”, que limitava-se ao campo interno da escola médica.
Ao trabalhar com o conceito de “responsabilidade social” da escola
médica, a proposta assume que esta, além da transmissão de novos
conhecimentos, habilidades e atitudes, tem responsabilidades acerca do
destino profissional dos médicos formados. Em vista disso, uma nova
definição de educação médica é apresentada. “É a arte e a ciência de (1)
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