Page 171 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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na ocasião,  para que os responsáveis pelas decisões a respeito não
         incorressem em soluções simplistas, como, por exemplo, a classificação
         das escolas por número de estrelas, como os hotéis. Chamava-se a atenção,
         por exemplo, para a necessidade de se garantir mecanismos de acesso à
         educação permanente, pois, caso contrário, poderiam deteriorar-se ainda
         mais as situações de desequilíbrio e iniquidade.
               No intuito de chegar ao Encontro de Punta del Este com uma
         proposta clara, o Programa de Desenvolvimento de rhs da OPS
         desenvolveu, durante 93/94, intenso processo de análise e aprofundamento
         sobre a avaliação de projetos inovadores, planejamento estratégico de rhs
         e gestão de qualidade, contando com a contribuição de seus próprios
         técnicos (RODRIGUEZ, 1997b; LAYSECA, 1997) e de vários consultores
          externos. Dentre estes, destacam-se os seguintes: Schraiber et al., 1994;
          Byrne & Rozental, 1994; Rodriguez R.H., 1997; Nogueira, 1993a; Nogueira,
          1993b. Estes últimos dois documentos fazem parte do livro do autor,
         lançado no ano seguinte (NOGUEIRA, 1994).

               concepção teórico-Metodológica


               A proposta contém um documento propositivo (OPS, 1994b; OPS,
         1995), aberto à discussão dos participantes do Encontro, para o qual se
         levou em conta elementos: a) de autoavaliação e de avaliação externa
         das escolas médicas latino-americanas e seus processos educacionais,
         resultantes do acúmulo propiciado tanto pelos estudos de Flexner (1910) e
         García (1972), como pelos processos mais recentes de análise prospectiva
         e de elaboração dos estudos preparatórios das Conferências de Havana
         e de Edimburgo; b) do planejamento estratégico e, c) da aplicação da
         metodologia de gestão de qualidade.
               Inicialmente, ainda que  reconhecendo a existência  de uma
         autonomia relativa da escola médica, a proposta parte do pressuposto
         de que a prática hegemônica da medicina tecnológica, institucionalizada,
         superespecializada, hospitalar e socialmente segmentada cria e induz,
         na educação médica, a transmissão de determinada cultura profissional
         dominante, que reforça o “status quo” da medicina. A qualidade desta


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