Page 173 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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responde a los intereses concretos de produción y reprodución del
                saber (a través de los profesionales) y de la tecnología (industria
                de insumos médicos)” (OPS, 1997).


               Na opinião dos autores da proposta “Gestão de Qualidade”, a visão
         de qualidade implícita nos processos tradicionais de avaliação da educação
         médica fortalece-se com base no paradigma flexneriano. Busca-se medir a
         qualidade avaliando o conhecimento e a prática, com base na excelência
         das disciplinas que se ensinam nas escolas médicas.
               Como o modelo médico dominante não atende às necessidades
         como um todo, nem mesmo nos países mais desenvolvidos, verifica-se
         nos últimos anos um anseio, que às vezes se transforma em movimentos,
         defendendo a necessidade de “um novo modelo científico biomédico e
         social que projete e fundamente um novo paradigma educativo em função
         do indivíduo e da comunidade” (FEDERAÇÃO, 1993).
               Entendendo que a escola médica não deve ficar à margem do
         processo de transição social e da medicina, processo cada vez mais
         acelerado, a proposta “Gestão de Qualidade” defende que ela assuma
         papel ativo nas mudanças, incorporando um enfoque de gestão estratégica
         de qualidade. A ideia é de que os elementos de um possível novo
         paradigma (educativo e assistencial) levem à revisão do próprio conceito
         de qualidade, que supere seu vínculo exclusivo com o sentido de
         excelência técnica e passe a refletir relevância e satisfação da sociedade,
         associando-se a critérios éticos de equidade e justiça social. “Calidad, cuya
         legitimación depende no sólo del saber profesional sino también de la
         valoración de la propia sociedad, que representa en la realidad el “tercer
         actor” del proceso de trabajo en salud” (FERREIRA, 1995).
               Considera-se que o paradigma atual (P) da medicina hegemônica
         foi elaborado, predominantemente, no espaço da articulação entre os
         agentes de trabalho (A) – principalmente  os médicos  – e os produtores
         dos meios de trabalho médico – o complexo médico-hospitalar (M). O
         ator, situado no terceiro polo do campo de interesses, é o paciente (O)
         que, paradoxalmente, pouco tem a ver com a construção teórico-prática
         dos sistemas de atenção médica. A representação gráfica desse processo de
         conformação do paradigma atual da medicina está exposta na Figura 19.



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