Page 179 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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dos participantes. Tanto é assim que o documento final do Encontro, a
         “Declaración de Uruguay”, não faz nenhuma referência, direta ou indireta,
         à proposta.
               Poder-se-ia argumentar que este tipo de documento tem, em geral,
         uma finalidade mais discursiva. Acontece que, mesmo no item específico
         do Relatório Final do Encontro – “Las estrategias nacionales para la calidad
         de la educación y práctica médicas: asegurando la continuidad del proceso”
         –, não se faz menção à proposta.
               Aliás, no próprio painel de apresentação da proposta e das quatro
         experiências “concretas” programadas, o que se viu e pode ser confirmado
         pela consulta aos registros (OPS, 1997), foi que somente uma delas –  a
         feita por Londrina – é coerente com a intenção original do painel. Não
         que as demais experiências relatadas não sejam interessantes ou não
         tenham a ver com as preocupações centrais do encontro e com as  suas
         realidades específicas. No entanto não disseram respeito à proposta de
         gestão da qualidade, discutida naquele painel.
               Essa situação toda permite supor ter existido uma insuficiente
         preparação técnica e política da proposta, levando à subestimação
         da importância do momento inaugural da sua apresentação pública.
         Tampouco parece ter havido clareza sobre a qual público (audiência) ela
         se dirigia: se às associações internacionais (FEPAFEM e ALAFEM) e/ou às
         entidades nacionais, e/ou diretamente às escolas. Como consequência, se
         dispersaram os esforços e não se firmaram compromissos.
               Do ponto de vista dos educadores, não há registro, no levantamento
         bibliográfico realizado, de que a proposta tenha gerado reflexões ou
         preocupações sobre seu destino. No que se refere aos atores institucionais,
         ao nível das escolas, a única experiência de que se tem notícia foi a de
         Londrina. Mesmo esta, apesar de contar com o apoio da direção da escola,
         de uma forte adesão dos membros do seu colegiado de curso e de dispor
         de recursos financeiros através do Projeto UNI, não teve prosseguimento.
               É verdade que a proposta gestão de qualidade contribuiu, enquanto
         desenvolvida em Londrina (maio a dezembro de 1994), em simbiose com
         as ações locais do projeto UNI e do projeto CINAEM, para a criação de
         um forte e até numeroso grupo de educadores  médicos. A aplicação da
         proposta em Londrina, ainda que parcial, chegou a gerar dois círculos de
         qualidade que reuniram cerca de trinta professores do ciclo básico e do
         ciclo clínico. Nos últimos anos, é deste grupo que vêm sendo escolhidos,


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