Page 154 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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                                    outra,  não  fortalece  a  outra.  Então,  você  tem  um  baita  de  um
                                    programa  de  internação  domiciliar  completamente  divorciado  da
                                    rede  de  atenção  básica,  dos  programas  de  Saúde  da  Família.
                                    Implementa-se a Saúde da Família completamente desvinculada dos
                                    Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), da Internação Domiciliar
                                    (ID) do Pronto Atendimento Médico para Adultos (PAM), ou seja,
                                    você  cria  várias  coisas  que  estão  aí  apontando  como  iniciativas
                                    importantes, mas cada uma por si, não tem uma construção do que
                                    seria a rede mesmo de atenção básica. Eu sempre falo que atenção
                                    básica é o chão da fábrica do SUS. Até botei isso na minha tese, por
                                    quê?  Porque  é  onde  se  constrói  o  alicerce,  onde  se  estrutura,  se
                                    encaminha o paciente para a especialidade, ele deve voltar para a
                                    atenção  básica.  Só  que  esse  espaço,  está  muito  sucateado  em
                                    Londrina.  As  Unidades  Básicas  estão  sucateadas.  Eu  acho  que
                                    sucateada  no  sentido  de  não  terem  diretrizes  de  valorização  há
                                    muitos anos. Não é só agora, vem ao longo de alguns anos. Por que
                                    eu estou colocando isso? Porque para nós pesa, quando você pensa
                                    em  colocar  o  aluno  para  desenvolver  iniciativas  inovadoras,  ele
                                    encontra uma equipe desmotivada, desvalorizada, com práticas que
                                    têm um nome novo, uma grife nova, mas continua fazendo o mesmo
                                    trabalho antigo. É muito claro isso na Residência Multiprofissional
                                    que começou em 2007, uma discussão que está entrando em choque.
                                    A Unidade de Saúde que têm equipe de Saúde da Família, o auxiliar
                                    de  enfermagem  fala:  "não,  eu  sou  da  Unidade  Básica",  o  agente
                                    comunitário fala: "não, eu sou da Saúde da Família". Convivendo,
                                    sem  nenhuma  discussão  e  problematização  em  cima  disso.  Não  se
                                    têm problematizado as práticas nos serviços de saúde. Acho que isso
                                    pesa quando se pensa nas iniciativas inovadoras de ensino, mostrar
                                    outros campos, por isso que eu falo do patinho feio, não adianta, se
                                    a gente não tiver esse outro lado também, a coisa demora a crescer.
                                    Acho até que na Universidade, no Departamento de Saúde Coletiva,
                                    a  gente  tem  uma  prática  que  hoje  é  pouco  utilizada  nos  serviços,
                                    pouco valorizada pelos gestores, não pela equipe que está lá, mas
                                    pelos gestores e aí eu digo que quando falo gestores é alto escalão
                                    mesmo.  Acho  que  tem  muita  oportunidade  perdida,  muita  água
                                    passou por debaixo da ponte sem ser aproveitada, então eu acho que
                                    esse é o diagnóstico da nossa situação atual. (PUEL4)



                                    Para o avanço e fortalecimento da parceria com o serviço de saúde e

                            a  comunidade,  há  necessidade,  principalmente,  de  um  movimento  mais

                            articulado  da  academia  com  o  serviço  (Feuerwerker  et  al.,  2000).  Sempre


                            existiu certa abertura por parte do serviço em Londrina, mas é preciso haver

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