Page 243 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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C APÍTULO VII AVALIAÇÃO: AVANÇOS E DESAFIOS NO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DA EDUCAÇÃO MÉDICA
A cultura avaliativa existente no Curso se mostrou fundamental para
o acompanhamento das mudanças e vinha orientando a gestão na definição
das ações prioritárias que contribuíssem para a sua consolidação e para a
superação de problemas. Durante dois anos (2003-2005), intensificou-se as
ações avaliativas e estabeleceu-se um processo participativo, democrático,
legítimo e transparente, com estratégias que possibilitavam que os
problemas fossem identificados e que se aprofundasse a discussão entre os
interessados, buscando meios para superá-los. Os instrumentos utilizados
permitiam que as questões fossem abordadas com ou sem a identificação
dos envolvidos, que podiam manifestar sua opinião sobre tudo o que dizia
respeito ao Curso de Medicina, fossem elogios, sugestões, críticas ou até
mesmo denúncias.
No entanto, por mais que os instrumentos e as estratégias de
avaliação aprofundassem as discussões dos problemas, acabavam não dando
conta de trazer à tona as questões de âmbito político que interferem no
desenvolvimento dos processos e muitas vezes suplantam as questões
técnicas. No caso específico da avaliação do Curso, o Sistema de Avaliação
adotou estratégias que favorecessem o enfrentamento das questões técnicas,
éticas, políticas e sociais, embora a decisão de explicitá-las seja sempre
de caráter pessoal. Avançou-se em muitas questões, mas ficou claro que
convivia-se diariamente com outras que passavam ao largo da avaliação, tais
como os conflitos nas relações humanas, o preconceito com a mudança, o
desrespeito à diversidade, a falta de compromisso com a instituição, entre
outras mais voltadas à postura pessoal e profissional, e até mesmo da própria
formação dos envolvidos no processo de formação, grande parte egressa do
modelo tradicional.
Essas questões afetavam diretamente a gestão do curso que dependia
das estruturas gerenciais da universidade pública, e que não dispõe de
mecanismos que permitam o seu enfrentamento. Nesse particular, a
tomada de decisão, a partir dos resultados da avaliação, ficava submetida
às estruturas de poder existentes na instituição e, por consequência, à
legitimidade e à força política dos grupos que as ocupavam.
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