Page 42 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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Nesse contexto, a proposta de reforma da Educação Superior brasileira,
            apresentada ao Congresso Nacional, em julho de 2005, pelo Ministério da
            Educação, apontava como desafio a construção de um sistema de educação
            superior capaz de equilibrar qualidade acadêmica e compromisso social.

                 O projeto da reforma  foi  amplamente  discutido  com  a comunidade
            acadêmica  e a sociedade  durante mais  de um ano.  A partir dos debates
            foram construídas coletivamente suas diretrizes baseadas nos pressupostos
            da reforma que foram pautados nas tendências da Educação Superior no
            contexto internacional à época. (BRASIL, 2005a: 22-9)
                 O  primeiro  deles  referia-se  aos  desafios  da  universidade
            contemporânea,  que se encontrava ameaçada de perder seu papel central de
            produção de cultura e conhecimento científico na sociedade, ou seja, a crise
            da legitimidade. A proposta da reforma tinha como desafio a recuperação da
            centralidade acadêmica, levando a universidade a enfrentar as tensões entre
            cultura universitária e cultura popular, educação profissional e mundo do
            trabalho, pesquisa fundamental e pesquisa aplicada.
                 O segundo pressuposto tratava da massificação e da privatização da
            educação superior. A massificação, que reduziu o caráter elitista do acesso
            à universidade, traduzida pelo rápido crescimento das matrículas no ensino
            superior na década de 1960, e mais significativamente na década de 1990, que
            se deu particularmente no Brasil e ainda de forma mais intensa na América
            Latina. E a privatização, causada pela explosão  das instituições  privadas
            a partir da década de 1980,  coincidindo  com a crise da dívida externa.
            No  Brasil,  a  privatização  da  Educação  Superior  teve  sua  explosão  mais
            especificamente a partir de 1998. Acompanhando sua evolução, a matrícula
            global nas instituições privadas passou de 40% (1960) para 70% (2005).
            Embora privadas, coube a essas instituições honrar o compromisso social
            atribuído como missão ao conjunto das instituições de ensino superior.
                 E  o  terceiro  e  último  pressuposto,  tratava  da  missão  pública  da
            educação superior. A descaracterização das instituições públicas de educação
            superior como tal, vinha interferido na forma de produção do conhecimento
            e sua aplicação em benefício da sociedade. Essa questão estava no centro das
            discussões sobre autonomia universitária e reforçava a crise de identidade


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