Page 47 - AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO MÉDICA
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C APÍTULO I EDUCAÇÃO SUPERIOR E AVALIAÇÃO
não somente contrapondo quantidade x qualidade, mas visando orientar
a política universitária para um saber sobre si mesma e para a análise do
significado de seu trabalho na sociedade, bem como a prestação de contas
aos cidadãos.
A avaliação possui questões de fundo político e técnico, mas que
devem ser enfrentadas pela universidade. Para Dias Sobrinho (2002a), o
conceito de qualidade educativa, fruto do processo de avaliação,
(...) além das dimensões técnicas e científicas, comporta inevitável e
centralmente sentidos e princípios éticos e políticos. Em outras palavras,
qualidade educativa não é só função de conhecimento, nem se restringe ao
campo técnico, mas deve ser intensamente social e ético-política. Tem a
ver com valores e, então, com o interesse público (...) ela há de afirmar os
valores de primeira ordem, que dizem respeito aos horizontes universais e
perenes da humanidade, dentre outros, liberdade, democracia, cidadania,
justiça, igualdade, solidariedade, compreensão, cooperação, paz,
fraternidade e outros do mesmo campo semântico. (DIAS SOBRINHO,
2002a:185)
Com todas as experiências já vivenciadas nos limites universitários,
a avaliação está inserida em uma constante relação de tensão entre o
Estado e as Universidades (Perim e Zanetti, 2001): O Estado se caracteriza,
dependendo do momento, e aqui nos apropriamos das expressões de Neave
(1988), como “Estado avaliador”, como “Estado interventor” ou como
“Estado facilitador”. As universidades, por sua vez, lutam para manter
sua sobrevivência, face à escassez de recursos destinados e à dificuldade
em atender às exigências da sociedade, e agora também, às do Mercado
e, segundo Leite (1996), se caracterizam, ora numa atitude “reativa”, ora
“antecipativa”, ou até mesmo de “submissão” aos processos avaliativos
implementados.
No Brasil, a resistência à avaliação nas IES, provocada por alguns traumas
históricos, como a “lista dos improdutivos” da USP, parecia já superada, pois
há convicção da sua necessidade e clareza do seu poder transformador; desde
que considerando, antes de qualquer coisa, a diversidade, a complexidade,
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