Page 137 - DOENÇA MENINGOCÓCICA - VOLUME 2 - DIGITAL
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Discussão
O Município de Londrina apresentou também uma acentuada queda na
proporção de óbitos durante a epidemia (16,5%), em que pese a irregularidade dos
dados no período anterior (com 44,3%) - Figuras 3 e 4. A diminuição considerável
observada após o primeiro ano epidêmico deve-se, certamente, à melhoria das
condições gerais para enfrentar a epidemia, como já tem sido referido por alguns
autores. Assim, o temor da doença pela população avisada buscando socorro
aos primeiros sintomas, o diagnóstico médico feito mais rapidamente e, em
decorrência, o início mais precoce do tratamento indicado, além da triagem
correta dos pacientes para os hospitais determinados explicam, em Londrina,
a redução proporcional dos óbitos. No entanto, comparando-se o segundo com
o terceiro anos da epidemia, observa-se que no último a letalidade sofreu um
aumento relativo, enquanto a mortalidade tendeu a diminuir. Seria possível que
os médicos confiantes nas amplas campanhas de vacinação realizadas, teriam
com isso contribuído ao retardo do diagnóstico e da terapêutica, como se admite
ocorra nos períodos interepidêmicos? Ou seria a superposição de outra cepa de
meningococo, mais virulenta, como ocorreu no Município de São Paulo na epidemia
paralela de DM onde, porém, não foi considerada responsável pelo aumento do
índice de letalidade. Inicialmente devida ao meningococo de sorogrupo C (1971
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- 1973), a epidemia ali se agravou quando se superajuntou o sorogrupo A , cuja
introdução, em 1974, coincidiu com o aumento relativo dos óbitos naquele ano
(de 6,9% em 1973 para 8,3% em 1974); esta elevação foi, porém, explicada pela
maior sobrecarga no atendimento hospitalar devido ao aumento do número de
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casos que então se verificou . No Município de Londrina, levantamento semanal
l
de sorogrupos no Hospital Universitário durante o período de 12 de agosto de
1974 a 26 de janeiro de 1975 mostrou que o sorogrupo A esteve presente durante
aproximadamente metade do período (10 casos), onde, a seguir somente foi
diagnosticado meningococo do sorogrupo C (36 casos); as manifestações clínicas
mais graves (coma, choque e/ou púrpura) foram pouco mais frequentes entre os
l. Trabalho ainda não publicado, realizado por Mauro Célio de Almeida Marzochi, Tercílio Luís Turini, Laura
Maria de Vasconcelos e KeylaBelízia Feldman Marzochi.
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