Page 59 - A Organização dos Serviços de Saúde em Londrina
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a organização dos serviços de saúde em londrina: antigos e novos registros de uma experiência em processo
O enfoque central da III CNS foi a crítica à organização
sanitária brasileira, predominantemente centralizadora,
conforme exemplificam os seguintes trechos: “(...) a partir
de 1919, quando os Estados Unidos, saindo da 1ª Grande
Guerra como a principal potência mundial, passaram a exercer
enorme atração em todos os setores da ciência e da tecnologia,
o movimento sanitário brasileiro tomou como modelo aquele
país. (...) pensavam os nossos administradores sanitários que
bastaria dar ao povo brasileiro uma organização sanitária como
a americana, para que a nossa população ficasse tão sadia e
tão rica como aquela”. Mais adiante os autores do documento
abordam a atuação das Unidades Federadas: “os elementos
disponíveis não deixam dúvida, entretanto, quanto ao precário
funcionamento desta rede de serviços de assistência médico-
sanitária dos Estados. (...), pois, sabendo-se como são, em
muitos casos, vastas as áreas territoriais dos municípios, a
existência de unidade sanitária na sede do município não
permite atender as populações das zonas rurais e dos distritos
por acaso existentes, fato que ocorre frequentemente nas
condições atuais, quando os Postos de Saúde do Estado
localizados nas cidades, sedes municipais, dão uma cobertura
muito reduzida aos habitantes das vilas, sedes dos distritos,
das localidades e das zonas rurais” (10).
A análise crítica da organização sanitária brasileira
fornecia os argumentos para propor e defender a tese da
“Municipalização dos Serviços de Saúde”, cuja finalidade
fundamental era aproximar a saúde pública das camadas da
população desprovidas de assistência médico-sanitária, através
da criação de uma estrutura básica sanitária com participação
direta dos Governos Municipais. Essa ideia de municipalização
dos serviços de saúde teve sua origem nos movimentos
municipalistas do final da década de 1940 e dos anos 1950,
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