Page 118 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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esclarecimento sobre a importância e potencialidade da proposta UNI
         em relação ao desenvolvimento e à participação comunitária. Em várias
         situações, só a partir desse evento as comunidades se sentiram esclarecidas
         e fortalecidas para reivindicar os seus direitos de parceiras nos projetos.
               Observam-se processos de incorporação da temática de saúde
         nas agendas e pautas políticas de ação das organizações; transferência
         de ênfase da criação de grupos voluntários (hipertensos, diabéticos,
         adolescentes) para a conformação de conselhos/comitês/grupos de gestão
         nas unidades de saúde; pequena presença de ONGs locais com atuação
         nas áreas dos projetos, predominando as entidades de natureza associativa
         por vizinhança; fortalecimento das capacidades de identificar problemas,
         formular propostas e buscar apoio para soluções.
               Nos locais em que a comunidade trabalha articuladamente
         com  outros  tipos  de  organizações,  como  as  ONGs,  ou  em  que  se
         atingiu maior organicidade entre movimentos e organizações da área
         através, por exemplo, de Conselhos Comunitários Regionais, existe um
         trabalho intersetorial mais desenvolvido e as relações de parceria com
         a universidade e com os serviços se mostram mais estáveis e profícuas.
         Os estudantes, em muitos casos, constituem o elo forte de ligação entre
         universidade e comunidade. Verificam-se contribuições importantes da
         comunidade no terreno da ética das relações dos profissionais de saúde
         com os pacientes/comunidade e na redefinição dos papéis de cada um
         desses atores na produção da saúde.
               A  participação  crescente  dos membros  das  comunidades  em
         atividades de extensão de cobertura, de promoção da saúde e, em alguns
         casos, de vigilância epidemiológica, são relevantes para a melhoria das
         situações de saúde das respectivas populações. Em um número menor
         de situações, verificam-se também formas mais evoluídas de participação,
         quando se põem em jogo as capacidades de exercício de direitos
         da cidadania. Ou seja, quando se constata a intervenção dos atores
         comunitários nas decisões e na avaliação da qualidade dos serviços, bem
         como nas discussões sobre temáticas relativas ao desenvolvimento dos
         modelos acadêmicos.



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