Page 122 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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integração situacional, sustentada na diversidade de missões, na identidade
de propósitos e na união de esforços, devendo ser desenvolvida com base
em valores éticos; e) o desenvolvimento da parceria se dá por meio de
processos coletivos e conflitivos de acumulação de poder entre diferentes
sujeitos sociais em aliança que desenvolvem lutas contra-hegemônicas
nos três componentes da proposta UNI.
Verificam-se dificuldades, no âmbito dos projetos, para a adequada
conceituação e desenvolvimento da liderança para a mudança, mas
novas atitudes e práticas, visando à identificação de líderes potenciais e
sua capacitação, passaram a ser realidade em muitos casos. Aos poucos,
os sujeitos dos projetos foram tomando consciência da importância da
capacitação de lideranças capazes de mobilizar as forças necessárias para
a implementação das mudanças. Ainda persiste, em muitos projetos, uma
deficiente identificação de líderes “negativos”, opositores ou, conforme
preferem as lideranças comunitárias de Leon/Nicarágua, “líderes críticos
que nos exigen más” (PROYECTO, 1997). Isto reflete uma compreensão
ainda parcial dos processos de mudança, processos eminentemente
políticos que têm a ver, diretamente, com a correlação de forças
estabelecidas.
Aparentemente, o “status quo” estabelecido (por exemplo, do
modelo hegemônico da produção de médicos) mantém-se por inércia,
“naturalmente”. A essência dos processos, contudo, reveste-se de
permanente e nem sempre leal, disputa de projetos políticos entre seus
atores e líderes. Desenvolver a liderança no contexto da proposta UNI
significa, portanto, procurar aumentar a capacidade das pessoas, dos
grupos e das organizações comprometidas com o ideário UNI na condução
dos processos de mudança no âmbito dos projetos e nos contextos
externos. Verifica-se que a energia gerada pelos avanços dos projetos e
do programa mobiliza pessoas, grupos e organizações, que se articulam
e se organizam para desencadear novas iniciativas e processos.
Em alguns projetos, a gestão não conseguiu superar a concepção
tradicional de liderança e as suas conotações carismáticas, centradas
nas características pessoais de certos sujeitos. Mas, na maioria, o
desenvolvimento de lideranças se reveste de conotação mais grupal, ainda
que sem as características de um processo planejado e estrategicamente
conduzido. Predominam capacitações “naturais”, no contexto mesmo
das ações desenvolvidas pelos projetos. Verifica-se que, no componente
comunitário, são encontrados processos mais planejados e organizados,
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