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e os resultados encontrados na evolução integrada dos três componentes,
         no entanto, foram viabilizados graças à cogestão (política, gerencial e
         operativa) tripartite dos projetos. Para esta, foram decisivas as exigências
         (carta compromisso firmada pelos três parceiros; obrigatoriedade de
         comissões paritárias) da coordenação do Programa UNI, que desde o
         início sempre fez questão de afirmar, por exemplo, quanto aos recursos
         financeiros,  que as  universidades  os  recebiam  em  nome  de  todos
         os parceiros e que estes se destinavam ao desenvolvimento dos três
         componentes.
               A parceria implica em redistribuição de poder e não há notícia de
         que esta tivesse sido obtida, onde vem ocorrendo,  de forma tranquila. As
         alternâncias de poder formal nas organizações participantes dos projetos,
         decorrentes das suas próprias regras de funcionamento, constituíram
         momentos de turbulência nas relações de parceria estabelecidas, mas
         serviram também como momentos de aperfeiçoamento do diálogo, da
         gestão estratégica e do aprendizado democrático.
               Há  reconhecimento de  que as ações em  parceria produziram
         influências mútuas, provocando alterações nos vínculos e nas modalidades
         de ação dos diferentes sujeitos sociais. Serve de exemplo dessas influências
         mútuas a melhor compreensão e capacitação de atores comunitários,
         com relação às ações de autocuidado e às demandas frente aos poderes
         públicos. Também os profissionais dos serviços valorizam, de forma geral,
         os estímulos e oportunidades de atualização que lhes são oferecidas
         através do contato com os alunos e os professores. Estes, quando realizam
         práticas nos novos cenários, também valorizam as experiências adquiridas,
         como meio de adequação dos conteúdos curriculares, propiciado pela
         incorporação de temas/problemas com maior relevância.
               Verifica-se que o estilo de condução dos projetos e sua estrutura
         organizativa exercem decisiva influência na construção das parcerias,
         havendo, portanto, uma interação dinâmica entre ambas as dimensões.
         A condução democrática e a estrutura colegiada, criando oportunidades
         para a partilha de informações, a transparência nas decisões e a busca do
         consenso são apontadas como elementos transcendentes. Mas, além disso,
         assinala-se que é preciso tornar as parcerias vantajosas e interessantes para
         cada um dos parceiros, estabelecendo-se agendas comuns que contemplem
         as pautas específicas, e propiciem colaboração recíproca na superação
         dos problemas particulares de cada parceiro e do conjunto.


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