Page 121 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
P. 121

A prática na execução dos projetos também revela que a
         possibilidade de participar efetivamente em todos os níveis de condução
         (político, gerencial, operativo) interfere diretamente no nível de
         apropriação dos parceiros em relação ao ideário UNI. Quanto mais os
         sujeitos das universidades, dos serviços e das comunidades se envolvem
         e reconhecem como suas as ideias e propostas levadas à frente pelos
         projetos, maiores os graus de compromisso e maiores as possibilidades
         das mudanças acontecerem. Essa apropriação tem sido fundamental para
         gerar adesão e força para mudar.
               As atividades em parceria têm natureza distinta: algumas são próprias
         de cada componente, desenvolvidas entre os sujeitos internamente (por
         exemplo, entre professores e alunos ou entre disciplinas de diferentes
         cursos,  ou  entre  profissionais  de  diferentes  serviços  ou  ainda  entre
         líderes ou organizações comunitárias); outras consistem em atividades
         conjuntas dois a dois – universidade-serviços, universidade-comunidade,
         serviços-comunidade – e outras envolvem os três parceiros principais da
         proposta. Ou seja, há momentos de acumulação de forças no interior de
         cada componente e há outros em que a interação entre eles desencadeia
         ou reforça movimentos de reflexão e de mudança.
               Observa-se, em muitos casos, que as oportunidades mais comuns de
         compartilhamento de problemas e de reflexões, entre sujeitos que atuam
         nos três componentes, surgem no trabalho de campo. Provavelmente,
         em virtude das relações neste âmbito serem menos formais, menos
         estruturadas, é aí que os representantes da comunidade e também os
         alunos encontram maior possibilidade de se manifestar e interagir em pé
         de igualdade com os demais. São ainda poucos os casos de participação,
         de representantes da comunidade e dos serviços de saúde em comitês
         ampliados de currículo e em comitês de análise e aprovação de projetos
         de pesquisa.
               Por ocasião do 1.º Seminário de Sistematização do Programa UNI,
         (São Paulo, agosto de 1997), algumas importantes contribuições adicionais
         foram registradas: a) a parceria deve considerar, para a operacionalização
         das suas ações, o conceito de equidade mais do que o de igualdade; b)
         a parceria deve ser tratada em sua multidimensionalidade, considerando
         seus conteúdos políticos, culturais, estruturais e subjetivos; c) a parceria
         nos projetos UNI deve ser vista como fim e como meio para provocar
         mudanças; d) a parceria deve ser compreendida como uma modalidade de


 92                                     93
   116   117   118   119   120   121   122   123   124   125   126