Page 130 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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dois primeiros, utilizados mais frequentemente, são tratados ora como
         sinônimos, ora como coisas distintas. Essa confusão conceitual contribui,
         pelo menos parcialmente, para muitas das dificuldades verificadas no
         desenvolvimento dos projetos, pois gera ou propicia ambiguidades quanto
         à direcionalidade e prioridade das ações.
               Quanto aos mecanismos de produção de mudanças, a proposta tem
         o mérito de apresentar uma articulação entre a esfera local, representada
         pelo ciclo de vida dos projetos e a esfera do sistema social, identificando
         a disseminação como mecanismo importante para influenciar as
         políticas públicas. A identificação das relações entre desenvolvimento
         organizacional e desenvolvimento social se constitui numa contribuição
         importante para o entendimento dos processos de mudança na educação
         médica e define um âmbito de atuação – o social – anteriormente não
         usual para os protagonistas de projetos dessa natureza.
               Um dos aspectos mais positivos dos processos desencadeados
         pelo UNI tem sido possibilitar a constituição de novos sujeitos sociais
         (ao nível dos três componentes), mais fortalecidos e articulados do que
         antes. Aumentar sua capacidade de compreensão política, de articulação
         com outros segmentos, de intervenção nos processos sociais reais e, a
         partir daí, de acumular forças em torno de propostas de transformação
         será fundamental.
               No entanto, a compreensão predominante em relação aos processos
         de mudança algumas vezes não contribui para que isso aconteça. Isso
         porque a ênfase recai sobre a disseminação e não sobre o fortalecimento
         da capacidade de intervenção dos sujeitos sociais. Como se a disseminação
         ativa de uma boa ideia e de bons resultados fosse suficiente para mudar
         as relações de poder que sustentam o status quo.
               Embora seja nítido o predomínio de conceitos e enfoques próprios
         da teoria de sistemas, mesmo neste terreno há lacunas importantes para
         serem preenchidas. Chaves (1997) vem buscando introduzir conteúdos
         da teoria da complexidade e da teoria do caos nas análises e discussões
         em torno da atualização e aprimoramento teórico-conceitual da proposta.
         Com base em enfoques provenientes dessas teorias esse autor tem
         manifestado, por exemplo, que o triângulo original da proposta UNI
         deveria ser substituído por diagramas que contemplem outros elementos
         da realidade. (Figura 11).



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