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análise, o aperfeiçoamento teórico-conceitual e metodológico da proposta
         deverá ocorrer, provavelmente, como produto da interação entre as
         reflexões, análises e conhecimentos produzidos pelos autores que atuam
         ao nível do programa UNI e ao nível dos projetos locais. Isto acarretará
         uma combinação de enfoques, visto que em vários projetos predominam
         concepções e práticas oriundas do campo da medicina social latino-
         americana, de linhagem marcadamente histórico-dialética ou estruturalista.
               Do ponto de vista da sua estruturação, a proposta UNI apresenta
         muitas fortalezas e algumas debilidades. Conforme pôde ser verificado
         através da apresentação acerca da implantação, do desenvolvimento, dos
         processos e resultados obtidos até o momento, a proposta UNI se reveste
         de uma materialidade institucional concreta. Está presente em dez países
         latino-americanos, vem mobilizando dezenas de cursos universitários, de
         serviços de saúde e centenas de organizações comunitárias.
               O volume de recursos financeiros envolvido no desenvolvimento
         da proposta é expressivo. Não se dispõe de informações relativas à
         contrapartida que as instituições locais aportam para a execução das
         atividades, mas a soma das doações feitas pela Fundação Kellogg aos
         projetos (U$ 49,1 milhões) e das despesas realizadas pelo programa de
         apoio (U$ 7,8 milhões) caracteriza, seguramente, o maior aporte de recursos
         externos canalizados nos anos 1990 para o campo de desenvolvimento
         de rhs da América Latina.
               O arcabouço básico da proposta UNI é constituído por dois
         elementos centrais – os projetos locais e o programa de apoio – e pelos
         três componentes obrigatórios de cada projeto – universidade, serviços
         de saúde e comunidade. As relações que se estabelecem entre elementos
         e componentes têm dois referenciais estruturantes: a) desenvolvimento
         integrado de novos modelos acadêmicos, de sistemas locais de saúde e
         da comunidade e b) desenvolvimento da gestão do Programa UNI, dos
         projetos locais e dos processos de mudança.
               Os dois referenciais estruturantes são interdependentes e as ações
         desenvolvidas na construção da proposta têm, direta ou indiretamente,
         interações com as várias dimensões que os constituem. Esta afirmativa
         não é abstrata, pois está calcada na apresentação e análise dos processos
         e resultados efetuadas anteriormente.
               Neste arcabouço, algumas debilidades acontecem na estrutura da
         avaliação e do planejamento. Por estrutura se entende, neste contexto, a


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