Page 202 - EDUCAÇÃO MÉDICA E SAÚDE - A Mudança é Possível!
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internos, acarretou a diminuição das suas possibilidades e levou à sua
         interrupção, que pode ser de natureza temporária ou não. Por outro
         lado, no caso da proposta UNI, verificou-se a existência de processos de
         superação de algumas de suas limitações com a consequente ampliação
         das suas possibilidades, o que vem levando ao seu desenvolvimento.
               Deve também ser registrado que, da mesma forma em que há estreita
         relação entre os contextos externos e internos, também os limites e as
         possibilidades, localizados em um ou outro âmbito, são interdependentes.
         A superação permanente dos limites, que, uma vez “negados”, são
         substituídos por novos, geralmente mais complexos e difíceis, implica
         em não se incidir em posturas extremadas. Nem na postura onipotente,
         com expectativas exageradas na capacidade transformadora da formação
         médica, nem na postura negativista, ditada pelo determinismo estrutural,
         que subordina toda e qualquer mudança às regras da infraestrutura
         econômica, às características da organização dos serviços de saúde e
         dos modelos de atenção ou às condições da prática médica hegemônica.
               Finalmente, conforme diz Farina (1996), “Tem sentido uma
         conclusão? Conclusão, para nós, tem o efeito de um tropeço. Quem
         tropeça dá o passo seguinte mais longe”. Neste sentido, espera-se que
         os próximos passos, de cunho mais coletivo do que individual, rumo ao
         aprofundamento,  consolidação e disseminação das mudanças na educação
         médica latino-americana, sejam firmes e não trôpegos. E que, para isso,
         o estudo realizado tenha trazido contribuições.
               Processos de acumulação e saltos de qualidade, no campo do
         desenvolvimento de recursos humanos e das reformas do setor saúde,
         puderam ser observados no decorrer da realização do estudo. Novos
         “tropeções” ocorrerão, mas o conhecimento do terreno torna a caminhada
         mais segura, principalmente quando se tem clareza sobre onde se quer
         chegar, sobre quem ajuda e quem atrapalha para dar os passos necessários.
               Particularmente, para o caso da realidade brasileira, espera-se que
         o estudo possa contribuir para a superação das debilidades identificadas
         na mesa-redonda de avaliação da RSB, realizada no Congresso da Abrasco
         de 1997. Na ocasião, todos os participantes apontaram a formação de
         recursos humanos em saúde, particularmente a educação médica, como
         o “calcanhar de Aquiles” da RSB. A compreensão das propostas de
         mudança, das suas estratégias, dos seus limites e possibilidades, pode
         ajudar a traçar novas e inadiáveis políticas públicas para o campo de
         desenvolvimento de rhs.


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