Page 112 - O ENSINO DA SAÚDE COLETIVA NA GRADUAÇÃO MÉDICA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS UNIVERSIDADES DO PARANÁ
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No referido capítulo, os autores sintetizam algumas
organizações curriculares freqüentemente usadas que, segundo Davini
(2004), são: o currículo formal; o currículo por assuntos (ou disciplinas) e o
currículo integrado. No caso dos cursos de medicina, os currículos inspirados
no Relatório Flexner (1910), tendem a valorizar o ensino centrado nos
hospitais como único lócus de práticas, orientado pela busca constante da
unicausalidade das doenças e que valoriza o mecanicismo, o biologicismo, o
individualismo e a especialização precoce. Tudo isso com a exclusão das
práticas alternativas, com ênfase na atenção curativa, orientada ao modelo
matemático, onde o conhecer se expressa pela capacidade de quantificação
do real por meio de uma linguagem generalizante, mecânica e analítica
(Oliveira, 2004).
Se avançarmos na tentativa de compreender melhor as
relações entre formação profissional e prática profissional, vamos encontrar
muitos elementos que questionam os arranjos de saberes e perspectivas. “A
questão do relacionamento entre competência profissional e conhecimento
profissional precisa ser virada de cabeça para baixo”, diz Donald Shôn (2000).
Para o autor, precisamos diferenciar o “conhecer na ação” da
“reflexão na ação”. O primeiro é mais automático, rotineiro e espontâneo e
estaria vinculado ao currículo normativo, que se expressa na dicotomia entre o
Ciclo Básico e o Profissional. O segundo emergiria a partir de resultados
produzidos pela ação, tendo uma função crítica e produzindo
questionamentos dos pressupostos do modelo normativo.
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